segunda-feira, 12 de julho de 2010

Quando ser amigo não é suficiente

Tenho muitos amigos, graças a Deus e à minha capacidade de abrir o coração a todas as pessoas para, somente depois, distingui-las, fazer a seleção natural. Mas tem aquelas que são bem mais especiais, que têm uma importância ímpar pelas linhas que escrevem no livro da vida da gente. É aquela pessoa que se torna insubstituível na nossa história, porque marca, macula e isso independe de ser positivo ou negativo. Simplesmente permanece involuntariamente.
É delícia quando ela chega; deixa permanecer por um bom tempo a sensação de felicidade mesmo quando vai embora; quando abre um sorriso, ilumina meu interior; quando fala, amansa meu coração de uma maneira suave; quando se aproxima traz um perfume pra perto de mim; se me abraça, aplaca as dores por um instante e traz tranqüilidade, confiança e segurança. Pode parecer loucura, paixão, amor simplesmente pelo outro. É espiritual, eu acredito.
Quando duas pessoas com afinidades se olham, existem palavras que não precisam ser ditas, porque estão ali subentendidas, bem compreendidas, essa troca é possível.
Às vezes o olhar é perdido, mesmo assim ele fala. E o que se ouve, nem sempre agrada. Quando alguém que a gente ama infinitamente está visivelmente se perdendo na fumaça de uma situação ilusória, de satisfação momentânea, que acaba se tornando um tormento e colocando fim nos prazeres reais; quando alguém que a gente dá importância não consegue mais oferecer resistência ao que lhe faz mal e deixa de enxergar o próprio valor, perdendo até mesmo o brilho do sorriso, a segurança do abraço e a sensação de felicidade quando vai embora, o olhar da gente entristece e o coração sangra. Sem melodrama.
Dói... de uma dor que não pode ser acalmada, de um sofrimento que não se consegue dividir, porque atinge a alma e limita nossas alegrias. A gente chora de desespero, busca respostas, meios para a necessidade de virar super-herói, mas de que maneira, se às vezes nem sabemos solucionar os próprios conflitos?
Lidar com a dor das perdas que a vida impinge, traz um crescimento que poderia ser evitado. Não acredito que nos leve à evolução, há tantas outras coisas que poderiam substituir essa experiência.
Pelas nossas dores, nem sempre adianta derramar lágrimas, é preciso apenas assimilá-las. E, como fazem os animais em sua imensa sabedoria, permanecer em silêncio, paciente, equilibrado, com a consciência de que tudo passa e as coisas têm o tamanho da importância que a gente dá pra elas. Nossas dores são menos importantes que a possibilidade da esperança que trazem.
As lágrimas, porém, se pode derramar pelas poucas pessoas que realmente se ama e valem nossos pensamentos porque nos conquistaram, mesmo quando não conseguem enxergar além do problema. Do alto de uma visão panorâmica, é possível enxergá-las e rezar por elas a todo o momento. Nada melhor pode ser feito, a não ser oferecer amor, amizade e carinho, esperar que compreendam que esses sentimentos são únicos, que somos pessoas únicas, com falhas e acertos que nos tornam extremamente humanos.
Eu agradeço a Deus por ser essa fortaleza somada a uma leveza capaz de captar o que há de bom de quem está ao meu redor. E como costumo dizer, de uma frase roubada da sabedoria popular, sou como uma árvore, que a tempestade pode conseguir dobrar, mas nunca quebrar. Ser resiliente é minha maior capacidade, depois de ser amor. (12.07)

Nenhum comentário: