sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Uma olhadinha no passado


Essa tarde tive um encontro sutil e surpreendente com meu passado. Fazia tempo que vinha protelando vasculhar aquelas caixas que guardavam memórias, desde papéis, fotos e objetos que já não fazem mais parte de agora, mas que foram importantes em certos períodos de minha vida.
Foi como tirar lenços coloridos, um a um, cada qual com seu valor. Descartei muitas coisas, limpei as caixas, revi personagens, joguei fora lembranças materiais que hoje acredito só servem como entulhos, já que as boas a gente guarda mesmo na mente.
Me deparei com diversos detalhes que não me agradaram e acho que por isso mesmo resistia a fuçá-los.
Fui uma mãe muito brincalhona, de mente aberta a conversas de todo o tipo e disposta a promover experiências que julgava enriquecedoras às vidinhas que proliferavam em meu entorno. Mas também fui muito  exigente e rígida, dura demais às vezes, poderia ter sido melhor, menos preocupada. O que importa é que tudo isso - sem um manual de comportamento ditado, como ninguém tem - ajudou a formar o caráter de minha filha Mariana e contribuir para momentos importantes na vida das filhas que a vida me deu: Daniela, Bárbara e principalmente a Jéssica. 
Notei que fui uma jovem observadora, responsável demais, exigente demais comigo também e muito velha, tanto na postura como nas roupas. Mas na época eu não sabia disso. A ignorância tem a capacidade de nos manter felizes. Hoje acho que tudo o que é demais, tende ao desequilíbrio. O ideal é dosar.
Também descobri que tive um sorriso constante, às vezes escancarado, mas na maioria de Monalisa. Pelo menos nas fotografias, o que não significa que não era feliz. Sempre fui.
Tive cuidado com os sentimentos e as batalhas diárias das pessoas em minha volta e fiz as coisas por amor essencialmente. Parece uma incoerência essa mistura da racional responsabilidade com o emocional do amor que sempre guiou minhas atitudes, mas não se tratava de ser emotiva, mas de levar a vida com a simplicidade de quem ama.
Me agrada ter sido assim e tem algumas coisas que eu faria diferente. Entre elas, a preocupação demais para alcançar o fio da perfeição do que eu queria, de como gostaria de ser vista, do bom comportamento para se chegar a algum objetivo. Tudo bobagem! O que está, está, e não se pode mudar, mas também mudar pra quê? 
No final, a vida decide pela gente e somos obrigados a aceitar, não como conformismo, mas como alternativa para evitar a dureza. Sério, eu acho um sinal de sabedoria.
Hoje, sinto que sou mais jovem de aparência, mais leve nas atitudes. Alcancei um nível de respeito e amor próprios que me tornam uma pessoa segura, decidida e bem sucedida na maioria das coisas. Era o que eu queria? Parece que sim, se é o que expresso. 
Sou mais madura e menos dura com a vida. Logo faço meus 39 anos e essa maturidade chegando, tem sido linda para mim. Poxa, eu gosto mesmo! Como imaginei mesmo com certo receio: nada planejado, tudo a se projetar, descobrir, se surpreender, possibilitar.
Ainda tenho muito a aprender e espero viver sempre com essa perspectiva. Eu gosto da linda mulher que me tornei e que ainda se admira, brinca e conversa sozinha com o espelho, se descobre, se respeita e sorri muito, ainda como se fosse menina.

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