Acho que é bom ser uma sabrina assim, linda, amável, admirável personalidade singela e forte, criança feliz, uma Narizinho, sem essa preocupação de ser uma famosidade instantânea e concorrente, uma chiquetisse dentro de uma calça de malha estampadona e larga como só fica bem mesmo nas mulheres muito magras por natureza.
Mas ela é linda que é bom de ver! Parece minha Maria em tantas coisas, já falei. É identificação. Beleza, fortaleza, doçura, personalidade.
E ela, a Sabrina, me disse: “Dani, você empinava papagaio com seu pai quando era pequena?” E eu empinava muito. Comprava as varetas, a seda colorida, fazia a pipa com sua rabiola de saquinho plástico, enrolava a linha na latinha e corria pro vento. “Dani, então aprende: esquece tudo o que te preocupa. Dá linha na pipa!”
Que termo fantástico é esse? Dar linha na pipa!! Que sabrinisse!! Não paro de pensar agora. Já adicionei ao meu vocabulário! Me apaixono por tudo o que me parece bom. To apaixonada por isso!!!
Agora é assim, eu sabrino mesmo: encheu meu saco, dou linha na pipa; apertou meu coração, dou linha na pipa; to começando a sentir um vazio, dou linha na pipa. Deixo ela ir ganhando área, velejando ao sabor do vento, mas a mantenho sob meu controle, se solto, ela fica perdida.
“Dá linha na pipa, nega”, sabrinou a minha amiga.
Agora, não paro de pensar nessa sabrinisse de dar linha na pipa pras coisas que me incomodam, dessas coisas que se tornam bobas quando a gente consegue enxergar mais longe.
Domingo vou comprar vareta e seda e vou soltar uma pipa bem boa. Acho, vamos ver, posso mudar de ideia e só ficar com a teoria mesmo. Só faço o que quero, sou assim. Quer saber? Vou mesmo! Até a linha arrebentar, a pipa voar longe e eu ficar só olhando e dando um sonoro “adeuuuuuuusssss... hahahaaaaaaaa”...
Sarcástica assim, rindo solta, bem feliz, bem assim, sabrinável, vai ver só.
"Me Abana!"