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segunda-feira, 6 de abril de 2015

O sorriso de Palê

Olha a natureza te namorando e você, perfeito nela. Saudades... :)
Não sabemos mais do outro, informação sobre a vida de todos está neste Facebook, o que é tão maravilhoso quanto lamentável, já que um tempo fora daqui pode proporcionar um retorno surpreendente. Minha relação com Palê Zuppani​ veio dessa internet por conta de nossa situação afim e de outras afinidades e paixões, como a fotografia. Dura há pelo menos quatro anos e, nas nossas trocas de mensagens, facilidade pela nossa distância e "confinamento". Eu sempre ria muito com os desabafos dele, a maneira como abordava as barras que enfrentava e, embora eu não gostasse do termo guerreira, vindo dele me soava forte, bem como suas selfies, sempre sorridente e iluminado. "Palê, já reparou que toda foto sua é sorrindo?? Eu sou sua fã pq vc transmite informações importantes, como: "sou receptivo", "sou bom", "eu posso e vc tbm", "sou parceiro", "eu supero". Se eu fosse sua assessora, diria que está se saindo excelente, mas como sou sua amiga, digo que está perfeito!! kkkkkk"... escrevi uma vez.
Eu o admirava cada vez mais, um ser humano repleto de carinho e cuidado com o outro, um ser brilhante para quem não importava a aparência, o social ou quaisquer outras legendas, um humano que mais se identifica com natureza, parecia que falava com pássaros e que as paisagens sorriam para ele, pediam para namorá-lo e era o que ele fazia, jogava seu charme para ela e uma piscadinha de sua câmera para registrar esse encontro. 

Um homem lindo em todos os aspectos, que usou sua dificuldade para ensinar e tive o privilégio de ser uma de suas alunas. Fui ensinada sobre o bem, a paciência, a tolerância, o respeito ao próximo e a valorização de todos os seres. Não sei se aprendi como deveria, creio que este é um caso em que a aluna não supera o mestre, mas certamente algo mudou em minha história de vida. 

Essa pessoa maravilhosa influenciou de uma maneira carinhosamente positiva minhas ações, minha visão de mundo, minha existência por aqui. Com ele, aprendi o que o compositor Jorge Vercilo traduziu: "Aprendi com a dor, nada mais é o amor que o encontro das águas". Um encontro que conduziu Palê como uma constelação no fortalecimento de tantas almas, a quem ele deu voz em sua página Mielodramas, no Facebook. 

E hoje, depois de um bom tempo e dias pensando "Que falta do Palê!", fui buscá-lo e não o encontrei, apenas as tantas e tão boas palavras sobre ele, como tento fazer as minhas agora, consciente que nenhuma delas o identifica de maneira tão justa e profunda.

Cheguei atrasada para chorar essa dor que parece não acabar em mim no momento, lamentar a falta de tempo da gente comemorar toda a nossa recuperação nesse plano. Essa vida e a da falta de tempo que nos leva a refletir tanto num momento deste.

Há dias eu vinha pensando: "vou ver Palê onde ele estiver", agora que me recuperei de mais uma, "e iremos tomar aquele Yakult para comemorar tanta vida e novos voos". Em uma de nossas recentes conversas (ele também lia este meu blog), ele me mandou o link de um de seus textos, falando sobre Amor, uma de suas especialidades, e de uma maneira doce me contando sobre a condição que novamente enfrentava sempre com otimismo e fé na cura. "NÃO TEMOS O CONTROLE DE NADA, O IMPORTANTE É VIVER O MOMENTO PRESENTE. Fico feliz que a vida me deu e dá grandes oportunidades de vivê-la!!! Vivi e vivo cada momento intensamente. Isso faz toda a diferença." Palavras do mestre, que valem para tudo. O texto completo está aqui: Nota do Palê no Mielodramas

À família desse meu amigo tão, tão amado, (à família da qual ele veio e à imensa família que ele formou quando se doou aos outros de maneira única), dou meu coração, meu amor e estendo minha eterna gratidão por tudo o que ele me deu, pela fortaleza que construiu em mim e se fez especial e imprescindível. 

Obrigada por me emprestarem essa pessoa importante na minha vivência. Mando a vocês, como ele costumava desejar a mim e talvez a tantas outras mesmas pessoas que como eu o amam demais: Um grande beijo na testa e (cheio de exclamações) as melhores das energias!!!! 

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Um grande abraço de ano novo!


Imagem: Google

Um ano termina, outro começa e a vida assim vai dando os nortes que a gente precisa para evoluir. Há quem alimente uma certa melancolia de fim de ano em relação às coisas que vão ficar no passado, mas o melhor de tudo são as novas expectativas, os planos para o futuro. E é bem por isso, creio, que há um começo e um fim para tudo. Deus é um cara muito gênio. 
É interessante como, a cada ano, somamos aprendizados. Hoje, aos quase 42, compreendo perfeitamente o significado da frase "queria ter 20 com a sabedoria dos 40". Ter 20 é infinitamente legal, mas os 40 têm um quê de poder que gosto de provar. 
As experiências se renovam constantemente e na vida a gente sempre aprende (ou deveria), mas sentimentos consolidados não têm que falar alto. A afinidade dos olhares determina quão valiosa e infinita é uma determinada ligação e acredito que há nisso um poder de universo, uma mágica divina que evoca dois seres para a missão de se encontrarem simplesmente para se fazerem felizes, seja qual for o tipo de relação.
Que grande sorte e proteção de Deus a minha encontrar tantas pessoas que alimentam minha alma com seus sorrisos, com o aconchego da troca de segredos, conselhos e desabafos, amizades abençoadas que provam não haver época ideal na vida para se encontrar grandes amores.

Percebo hoje que Deus não apenas nos abre novas portas, mas nos dá a oportunidade de escolhermos novos caminhos a cada pensamento, desenhando a estrada pelo primeiro passo. 
Há uma coisa que digo: para cada caminhante, um caminhar. Que nossas trilhas sejam abençoadas, com a força de muito amor neste novo ano. O bom de tudo é poder fechar os olhos e sentir a alegria de ser abraçado por nossas escolhas. O resto das coisas, nem precisam ser ditas.

Seja feliz em mais este ano!
Beijos...

Danica

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Um amigo e nossa fortaleza

Alessandro e eu, comemorando nosso aniversário em 2011. Taurinos, valentes e felizes por natureza!!


Hoje tive um momento muito especial de troca, cumplicidade, amizade, amor verdadeiro. Muito especial. Falei com meu grande amigo Alessandro Meirelles, que nomeei de "carioca da minha vida", uma pessoa das mais íntegras, honestas e de coração maravilhoso que já conheci nessa passagem. 


Mesmo contando 15 anos de profissão como jornalista, aprendi horrores com ele em cada matéria que a gente batia, em cada pauta discutida, na minha observação sobre sua percepção sagaz dos temas, opiniões certeiras sobre as coisas, as histórias de vida e sua abertura para as novidades. Um repórter incrível, um homem lindíssimo física e espiritualmente, um verdadeiro bálsamo aos olhos.

Tenho por ele um amor que nem mesmo posso explicar, tamanha a afinidade entre nós. Para mim, os cariocas têm um sol que vem de dentro e o Alessandro é a personificação dessa alegria luminosa, dessa liberdade ensolarada e de uma vontade singela de ser uma pessoa melhor. Ele é o máximo do bom na minha opinião. 

Nem preciso dizer, mas falo, a cada oportunidade que tenho, que eu o amo demais. Na redação, nossa relação era de "dupla dinâmica". A doce Camilinha que o diga!! 

Aí que veio a situação do câncer, primeiro pra mim, depois pra ele. Pessoas com muito amor têm disso. Não chamo de doença, porque acredito que não seja. É mesmo uma situação e, mesmo com todas as peripécias individuais que exige, é um período muito lindo de nossas vidas. Afinal, se a gente sonhava tanto com um momento de descanso, taí a atenção ao nosso pedido. 

Eu sofri muito quando ele me contou. Chorei rios, gritei comigo, me revoltei e questionei Deus - eu e Ele (Deus) temos essa intimidade de poder cobrar um do outro nossas necessidades. Questionei sobre o porquê do meu amigo passar por isso. Xinguei o mundo, ofendi uma mãe qualquer, soquei o volante do carro, chorei, chorei, fiquei triste de doer. Alessandro é meu camarada: se ele sente, eu também sinto. Tive a mesma reação quando perdi o Gustavo, há longos nove meses. E ainda dói.

Mas aos poucos vamos dando à vida a compreensão de que ela necessita. A gente fala com ela e ela responde como pode, uma aprendiz como nós.  E se eu passei, ele também consegue. É taurino como eu, nascidos com dois dias de diferença, é de abraços e risos fáceis omo eu, de expressão de amor escrachado, de palavras diretas, de indignação expressiva, de olhar bondoso. Somos mais que parecidos, somos iguais, irmãos de alma e isso muito me orgulha, porque tenho a liberdade de me comparar a quem tanto admiro, o que me faz crer que também sou admirável. 

Em nossa conversa de hoje, dúvidas sobre o que é normal sentir, o que é novidade e o que é a teoria do normal. Vivemos num tempo muito especial: 2012 é um ano místico, nossos dias têm 16 horas (ou quantas forem, mas com certeza menos de 24), nossos sonhos são imediatistas como nós, objetivos desesperados que transformam nossos desejos em um turbilhão interno de impaciência, mas tudo o que buscamos é um pouco mais de paz e que tudo seja leve.    

Minha queridíssima amiga Renata me apresentou uma música que virou hino e sempre toca em minha cabeça quando esse turbilhão toma conta de mim ou quando estou prestes a cair. E embora eu saiba que minha imagem é a de uma mulher forte e decidida, que realmente sou, também sou do tipo que se descobre muito frágil às vezes e tenho sentido ultimamente uma grande necessidade de ficar só, quieta, recolhida, distante.  Não é depressão, é recolhimento, é uma maturidade diferente. Adoro gente, sempre gostei, mas as gentes estão cada vez mais vazias de essência e cheias de si, falta cuidado e intuição. Então, me afasto quando quero mais, porque sei que encontro no meu interior o melhor do que há. O "puro creme".

A música que a Renata me deu, dei pro Alessandro, porque é o que quero dele neste momento. Exijo. Ele tem uma dívida de fé comigo. Ele e a bela Sâmia, sua parceira, minha amiga, mulher charmosa e inteligente, de boas conversas. 

Percebi que ele está sereno, ainda meio perdido com a ocasião, coisa natural, mas tem reforçado sua fé e eu a minha. Temos essa dívida conosco. Essa fé que nos faz imbatíveis, é o que mostra o nosso valor. O momento é aquele que pedimos à vida, meu carioca. Vamos descansar, refletir, transformar-nos, vislumbrar o novo, resplandecer, florescer. Deus dá asas. De que mais precisamos nós, seres livres? Faça seu voo. Estou contigo. Quem compra o passe de entrada em minha vida, é para sempre.  

Um beijo, carioca. Amo vc!


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Vida é colher um novo dia




 "Nosso horizonte é onde vamos estar amanhã." Né? 


Já pensei em escrever algo específico sobre dor de amor, mas ocorreu um erro. A pessoa que a sente, faz isso com tanta eficiência que não precisa de mais nada. A dor de amor nos transforma em maus pacientes, com quem não adianta gastar reza, como diz meu amado doutor agnóstico.

Tenho ouvido muitas histórias, avaliado as minhas próprias sobre o tema e noto quanta gente tenta se proteger inutilmente dessa deliciosa cilada, que todo mundo tenta evitar, mas todos querem vivenciar. Depois de sobreviver a separações, situações de angústias, de novos amores que vêm e vão, de saudade que fica e a gente não sabe o que fazer com ela, muitas vezes não por falta de experiência, mas porque esse é o tipo de coisa que marca, mas como não merece ser lembrada, o cérebro deleta, faz essa escolha por si.

Enfim... dói, mas quando passa é como a dor do parto: só se agradece pelo resultado.
Dor de amor é sinal de vida, agora, saber lidar... amigas... ninguém sabe. É uma vontade louca de mudar tudo, de sumir um pouco, de estacionar no tempo enquanto a vida passa “lá fora”, até que se esteja pronto para voltar. O grande consolo é: dói pra todo mundo. E passa pra todo mundo.

Mas como dói, hein... constante e massacrante. Mas olha só: amor que dói demais, tem que ser só história pra lembrar. Por aprendizado de seleção, acho que temos que amar a quem nos ama, aquela coisa que mãe ensina, gostar de quem gosta da gente.
Mas quando dói muito, quando a gente tá nessa, difícil enxergar. Faz parte de um pedaço da vida, né? Só que é só um pedaço. Tem tantas outras coisas para se ver em todo o tempo!

Fomos brindados com 24 horas de um dia com possibilidades de quatro estações, em que tudo pode acontecer, inclusive uma nova paixão instantânea. Não dá para pular etapas. A gente tem que viver tudo para ter história para contar, para engrossar a pele, viver o momento. Tem que chorar, descabelar-se, rir, se jogar, a gente tem que engrossar mesmo.

Tenha certeza, amiga querida, de que uma dor de amor nunca é igual à outra, só que a gente sobrevive e, ao invés de se amargurar, deve-se optar por ficar cada vez melhor. Faz muita diferença.

Bora resolver isso. Precisamos de vinho e pizza, num final de dia de quarta-feira; de um passeio naquele lugarzinho bucólico sobre a luz da lua azul, dias bons para nós, música alta, de bom astral e palavras certeiras, boas companhias, gargalhadas, choros e desabafos, mini-acessos de raiva.

A gente pode e tem todo o direito de cair e levantar, sem dar ouvidos a comentários de quem não sabe  nada sobre nós, mulheres que acordam cedo para buscar sustento, se mantêm o dia todo sobre saltos e com bocas coloridas de batom, criam filhotes amados e fortes, sobreviventes em um mundo de dúvidas, voltam para casa cansadas, mas não menos lindas, íntegras e amorosas. Cobradas para sermos fortes e mantermos a pose impecável. Certos tipos de violência como estas não nos pervertem, não nos caem como sentença. Dormimos em lençóis claros, com mentes tranquilas. É preciso ser fleumática para receber a novidade do dia seguinte.

E no mais, amiga, a gente sofre de amor todo dia! É da nossa natureza feminina amar  por percepção, pela necessidade de desejar transformar o caos. Não é discurso de miss, não somos impassíveis, não fazemos dor maior da dor dos outros. Pelo menos não a maioria de nós, o que já é mais que o empate.

Não aplacamos um amor de verdade com um novo amor, desvalorizando a felicidade essencial de ter vivenciado essa experiência, mesmo quando ela termina. O grande amor que se vai, fica guardado numa caixinha de jóia, num cantinho especial dentro da gente. Acontece que ninguém é obrigado a gostar ou a continuar gostando de ninguém, realmente, por isso ao outro – ou a nós, por que não? – o direito de ir embora.

Um conselho comum e que por isso é bom: amanhã já é outro dia e coisas maravilhosas acontecem.

Um beijo!

"...existem para você maravilhas que se fossem reveladas, a angústia da espera te sufocaria. Espere o tempo da colheita... mas não permita que seja ceifado de seus braços o direito de ser feliz enquanto espera, por mais doloroso que possa parecer." Bean


segunda-feira, 28 de maio de 2012

É... esperar...

Hoje, em meio a tantas boas novas, recebi uma notícia triste e quero compartilhá-la, com o  intuito de despertar ao menos nas pessoas que me lêem o sentimento da necessidade de observar o outro com amor verdadeiro. E de saber esperar, ter esperança.
Meu amiguinho Bruno, uma simpatia de apenas 18 anos, cheio de energia e dono de lindos olhos azuis, não terá uma solução médica para seu tratamento de leucemia. A notícia foi dada pela mãe, Teresa, uma mulher marcada pelas dificuldades, mas com uma paciência e carinho nascidos na sabedoria dos bons.
Eu me encontrava com eles quase diariamente nos corredores do Centro de Oncologia do Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba. Nossas conversas alegres, recheadas de piadinhas e risadas, incluindo algumas vezes a participação de nossos enfermeirinhos, anjos iluminados, que não nos poupam de seus abraços.
Na maioria dos encontros, o Bruno carregava sua "bomba" de quimio pelos corredores, porque ficava internado e a terapia durava dias. E eu que achava longa minha espera de cinco horas naquela poltrona (que é confortável), embora nunca tenha reclamado por considerar aquela situação um período especial para mim. Teresa contou que o esforço dele (e o dela, que era sempre presente) não estava surtindo os efeitos esperados pelos médicos.
Moradores num bairro rural de Charqueada,  Teresa e Bruno têm no olhar a simplicidade fotográfica das pessoas sábias, que esperam em Deus a solução para suas aflições. Uma conversa sobre a vida deles é quase que uma lição dentro do exercício de viver das possibilidades. Apesar da humildade do cotidiano, Teresa optou por deixar o trabalho e viver "como dá" para se dedicar ao jovem filho.
E observando isso, pensei que a gente quer tanto da vida, reclama para que o tempo se estenda para darmos conta das necessidades do dia-a-dia, não pode viver sem determinada coisa, expressa o amor para sempre sem a consciência de que todo sentimento requer cuidado pela fragilidade que impõe. A vida é simples demais,  frágil demais, curta demais, valiosa demais.
Debruçada sobre o balcão, Teresa colocou os dedos na boca para esconder o nervosismo ao me falar que estavam voltando pra casa. "Não tem cura", sussurrou, desviando o olhar. Nossos olhos marejaram. Ela segurou; eu desmoronei assim que eles saíram.
Quanta dor a falta de esperança nos impõe. Essa mulher bem conhece. Seu rosto marcado pelas dificuldades e essa fortaleza interior são a prova de que nem tudo precisa ser falado, cada um sabe bem sua jornada individual. Mesmo quando há apoio, a experiência é solitária.
"Teresa, as coisas só acabam quando terminam. Tenha fé e paciência", eu disse. A gente deve viver na certeza da crença.
"O negócio é ter alegria, né, Bruno? A gente acredita em tanta besteira... você acredita em duendes, Bruno?", brinquei. E ele: "eu acredito em Deus,achoque já tá bom". Sim, fé é quando não há espaço para dúvidas. Está suficiente, meu amigo.

domingo, 22 de abril de 2012

It us in the tape!!!




Era uma tarde de sábado e nós, amigas, gastávamos créditos trocando mensagens sobre como cada uma estava se arrumando para ir ao casamento de uma delas. As mensagens, uma mais tonta que a outra, eram muito engraçadas e levavam nossa linguagem, a forma de falar do pequeno grupo  formado por nós quatro, incluindo a noiva. Como dizia nosso amigo Thomas, “toutes les femmes de cette maison ont des noms avec ET” (todas as mulheres desta casa – a casa dele, no caso – tem nomes com E): Viviane, Daniele, Jaqueline e Fabiane. É nosso grupo de PodPowers.
Na conclusão das mensagens, me lembro da Fa escrever, dizendo que a gente ia se divertir muito no casamento: “É isso aí, Dani! It us in the tape”.
It us in the tape!!! Que fantástico poder brincar com as palavras e ser compreendido. Que fantástico é ter bons amigos, escolher e ser escolhido por eles.
As boas  amizades são uma escolha da afinidade, que se acomodam depois confortavelmente no coração. Estive pensando sobre contar amigos nos dedos e me sinto privilegiada, pois me faltam dedos.
Tenho amigos engraçadíssimos, dramáticos, bêbados demais, sóbrios demais, intelectuais, deliciosamente fúteis, simples,  polidos, grotescos, delicados... tenho um universo de gente  maravilhosa por perto. Bom, nem sempre tão perto, mas o fato de surgirem de vez em quando com a típica pergunta “como vc tá?”, é muito gostoso. É reconfortante.
Me parece que em junho tem uma data específica em que se  comemora o dia do amigo. Eu comemoro meus amigos todos os dias! Reservo a eles meu melhor abraço, forte, caloroso, fofinho; meu ombro para rir, chorar, dormir na volta do show; meu beijo carinhoso para selar a verdade do meu sentimento;  minha palavra bem pensada, a mal pensada algumas vezes; meu olhar  de “já entendi” ou “vamos arriscar?” ou “deixa pra lá” ou “adorei isso”, às vezes seguido de uma piscadela espertinha, com aquele meio sorriso de Monalisa e um aceno positivo com a cabeça. É o sinal de “estamos juntos nessa”.
Procuro ser sempre uma companhia agradável. Uma amiga, a Ude, diz que mesmo em meio à tanta turbulência, tenho a capacidade de rir e de enfrentar as situações com otimismo.  
Tem uma citação do escritor britânico G.K.Chesterton que diz assim: “Os anjos podem voar porque carregam a luz”. Não sou um anjo, mas aí eu disse a Ude que sou otimista mesmo porque acredito que a vida é um presente, não dá para abrir mão do esforço que Deus dispende todo dia para nos manter aqui. Ele tem muito trabalho para cuidar de todo mundo.
Então, mesmo quando tenho vontade de desistir, e isso acontece muitas vezes –muitas vezes! -, penso que é melhor deixar de ser egoísta e ingrata com tanto amor.  Amor a gente não rejeita.
Temos o poder de materializar desejos, que se fortalecem quando não estamos sozinhos.  Estou bastante sozinha ultimamente, porque em alguns momentos isso é necessário. Mas sei que tenho muita gente que me ouviria se eu gritasse, tenho amigos da melhor qualidade. E agradeço pela vida de cada um deles. 

quarta-feira, 18 de abril de 2012

"Escolha a Felicidade" - Quer convite melhor?



Ser feliz é uma escolha individual. Não se pode decidir pelos outros. O pensamento que traz o problema, também traz a solução, afirmou Einstein (me disseram, mas eu não estava lá), e é preciso dar voz a nossa percepção para que o que desejamos flua, para que nossa escolha de sermos felizes seja legítima. 

Use seu filtro de consciência e tenha responsabilidade com seus sentimentos, suas ações e sua vida. O que eu desejo, o que eu faço, o que eu como, onde eu caminho, a via que eu prefiro, são minhas escolhas e determinam minhas reações perante a vida. 

A escolha por você não pode começar na segunda-feira. A gente deve tomar agora o controle das próprias  emoções e se conscientizar que só é possível ter o controle sobre os próprios atos, sobre os próprios hábitos. 

Mas não deixe de respeitar os outros. A sua realidade é diferente da verdade do outro, do que ele pensa, do que ele acredita, pois cada um de nós é feito de uma cultura, de uma sensação, da vivência em um lugar diferente, de relações com pessoas diferentes que nos ensinam o tempo todo. 

Não julgue. Prometa isso a si a partir de hoje: não julgue mais. Nem todo mundo é como a gente é, nem todo mundo é como a gente quer, somos nós que atribuímos significado às coisas de acordo com nossas experiências e é por isso que se precisa ter cuidado para não gerar mágoa. 

Como querer mudar alguém se a gente não consegue mudar a si? Não consegue parar de fumar, não se atreve a comer jiló pra conferir se é ruim mesmo, não respeita que o outro goste daquele ritmo de música que "fere" seus sensíveis ouvidos, tem vontade de socar alguém quando não faz o que queremos.

Talvez tolerar seja o caminho, mas não é uma questão de tolerar, é de aceitar. Porque quando a gente aceita, se livra da preocupação que o peso daquele pensamento provoca. Amor verdadeiro implica em respeito e aceitação  

Se quer ser líder da sua vida, use sua inteligência a seu favor. Comece a mudança por você e que seja hoje o dia da decisão. Não esmoreça amanhã! Se fortaleça, segure o controle. Aceite, respeite, ame. Um verdadeiro líder é, invariavelmente, humilde. 

Abraço forte!.

*Obrigada, Renata, minha amiga, meu anjo de amor e amizade. 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Finaaaal do primeiro tempo!

Tirar manchas de roupa também é uma luta!!


Hoje cheguei a 7ª e última sessão de quimioterapia e estou muiiito feliz, pq deu tudo certo. Mais feliz ainda porque essa experiência maravilhosa foi comigo. Como jornalista, essa tem sido uma grande pesquisa de campo. Mas, de verdade, agradeço diariamente por ter sido comigo e não com minha filha ou minha mãe... ou qualquer mulher muito próxima de mim.
Dentro de uns dias, começo a próxima fase, a da radioterapia. Serão cinco semanas, com tratamento diário e já sei que vou tirar de letra. Não que seja simples, mas creio que será um aprendizado e terei facilidade. Boto fé nisso porque sou resistente à dor, resiliente, tenho facilidade para esquecer e desassimilar o que me faz sofrer. 
Nessa primeira fase, apesar dos momentos em que me senti um pouco pra baixo, solitária, com um desejo imenso de simplesmente ter alguém do meu lado só pra segurar minha mão e mais nada, não me faltaram bons amigos presentes que, contabilizando, não preenchem os 10 dedos das minhas mãos. Mas também tive bons amigos que, mesmo distantes, ligavam constantemente, enviavam mensagens, me deram carinho à sua maneira. Me dispensaram atenção e me deram importância.
Minha família também se perdeu comigo nessas descobertas e talvez algumas pessoas tenham encontrado algo de bom... é o que se deseja a todo mundo. Minha mãe, meu pai, meu ex-marido e minha filha se doaram como puderam, foram muito carinhosos, solícitos e presentes. Fizeram muito bem pra mim, mesmo quando não compreendiam o que precisava ser feito. 
Mas a próxima fase será mais fácil. E sabem por quê? Porque tenho uma forma de pensar sobre a necessidade de fazermos por nós mesmos, embora nem sempre eu aplique, mas posso dizer que me empenhei 90% nisso. Sempre procurei manter-me firme na ideia de que todas as coisas são um presente na vida. A gente vive demais o passado, faz muitos planos para o futuro e renega o presente. É preciso pensar mais no hoje, no que a gente precisa hoje. 
Outra atitude que fez diferença foi meu comportamento: não é preciso ter uma cara de doente e acabada para se estar debilitada na saúde. Muita gente me cobrou isso e para elas eu apresento meu dedo do meio. Muita gente adorou minha atitude positiva e o esforço para me manter sempre bonita e alegre, porque faz parte da minha personalidade. Pra elas, meu dedo positivo, hang loose, rock'n'roll. 
Nunca me importei em ser exemplo pra nada, nem ninguém, porque tenho comigo que o grande barato da vida é a diferença entre as pessoas. Mas desta vez espero, francamente, que meu bom humor e as boas consequências que advêm dele, estejam servindo como exemplo, força, atitude, que ao menos tenham feito alguém pensar sobre a necessidade de ter fé na vida e em si, em Deus (seja como ele se manisfeste), na capacidade de dar solução aos problemas, de viver de uma maneira mais simples, afinal não precisamos de muita coisa. Mas é fundamental termos saúde!
Outro dia eu estava me sentindo muito indisposta e observei um grupo de pessoas dançando, pulando, bebendo, brincando e se divertindo. Pensei: "puxa, eu conseguia fazer tudo isso e agora estou só olhando. Tudo bem, esse é o meu momento, essa sou eu, maravilhosa como posso e alguém que consegue ser feliz vendo gente de bem com a vida perto de mim." 
Mas a conclusão é que quando a gente está bem de saúde, nem sempre se importa em cuidar dela. E não falo apenas de ter um corpo sarado, que para muita gente é só isso que é saúde. São as boas companhias, os momentos de felicidade, um trabalho que lhe dê prazer, a comida feita com amor e dividida com quem a gente gosta, um passeio num parque, a dedicação a um hobby, desenvolver uma habilidade, viajar, conhecer pessoas e lugares novos, ter coragem de mudar e voltar atrás caso não seja aquilo que se planejava, optar por alimentos que preencham sua alma e saciem sua necessidade, cuidar do corpo como sua primeira residência, cuidar da alma como sua residência eterna, cuidar dos seus desejos e do coração como a morada da sua alegria, cuidar dos seus como o abrigo para seu coração, chorar e refletir quando a tristeza, o desânimo, a solidão, a inveja, a raiva chegarem, afinal somos humanos e sentir essas coisas não é mal, mas importante para nos colocar em reflexão e nos propor o conhecimento de nós mesmos. Mal é o desequilíbrio em quaisquer níveis: não existe gente somente feliz, somente boazinha, somente educada. Essas são para se desconfiar. Perfeitos são os que sentem, amam e odeiam, mas buscam em todas as suas capacidades, a evolução, a solução para seus perrengues, mesmo que inconscientes disso.
Tudo nessa vida tem como ser sanado, absolutamente tudo é possível de se resolver. Eu não duvido disso, porque minha vida tem sido uma sucessão de felizes milagres diários. Fé não é acreditar, mas nunca duvidar. Somos seres divinos, capazes de mudarmos muita coisa no campo universal, no âmbito de nossa convivência, mas com grande dificuldade de transformarmo-nos às vezes. E é essa a tarefa mais difícil mesmo.Talvez seja pra isso que estamos aqui: não pra mudar o mundo, mas pra nos descobrirmos seres divinos. 
Eu tenho tentado cada vez mais dar ouvidos a minha intuição e perceber sua proposta na área da minha razão, mesmo quando ela se manifesta no barulho do meu caos interno. Ouço seu silêncio, sua sutileza, analiso seus valores. O resultado tem sido produtivo. Está valendo a pena viver minhas experiências. Agradeço a Deus e ao universo, de verdade, por tudo o que recebi até agora. Que eu tenha cada vez mais forças e em cada situação, eu possa renovar minha fé.

É isso. 

sábado, 31 de dezembro de 2011

Toutes les femmes de la maison de mon coeur


As mulheres da minha vida têm nomes doces e apelidos delicados. Têm jeito romântico, mas são de atitudes fortes, mulheres originais, de caráter único e personalidades marcantes. São como bons perfumes, que não passam sem deixar no ar o melhor da essência, sempre perceptíveis.
As mulheres da minha vida são como as boas mulheres descritas há mais de  um século por Machado de Assis: as melhores frutas do alto da macieira, apenas os bons podem alcançá-las.
Eu as tenho no melhor lugar do conforto do meu coração. Eu as amo, com um sentimento incomparável, que transcende a distância, o contato, que existe mesmo na passividade, mas também se delicia no encontro e na felicidade de observar cada sorriso.
São mulheres de grande valor, são meninas brilhantes, são senhoras de si. Alimentam a manutenção feminina como um ser divino, imponente, próximo e santificado. São seres ilibados, talvez o adjetivo que melhor as defina.
Não são apenas cor-de-rosa-choque, numa representação da feminilidade. São de uma cor específica, compreendida por olhares sábios, reproduzida pelo encantamento das flores beijadas pelas asas das borboletas, em uma tentativa de poesia frustrada pela imensidão do valor de cada uma delas.
Nesse 2012, desejo me tornar, como venho almejando ao longo da vida, um ser melhor. Quero buscar no exemplo ou apenas na perspectiva proposta pela existência dessas deusas, as qualidades que anseio para mim como representante desse sexo consagradamente superior em toda a sua natureza.
Minha felicidade tem nome e apelido femininos apaixonantes. Mariana, Jéssica, Isabela, Júlia, Bruna, Sônia, Gisele, Veridiana, Talita, Angela, Priscilla, Jaqueline, Dri, Tati, Carlota, Fabiane, Suzana, Duda, Paola, Ude, Fernanda, Cecília, Giovanna, Sandra, Luciane, Elza, Rosa, Giuliana, Lídia, Arlete, Ruth, Mena...
Eu as amo.

Daniele

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

"A vida é a perda lenta de tudo o que amamos"

Meu amigo Gustavo Cella e eu, sempre em  momentos felizes

A frase do dramaturgo e poeta Maurice Maeterlinck é perfeita para expressar meu momento de muita tristeza. Eu estou sangrando, hoje sou um pedaço de nada e todas as coisas que pareciam importantes, perderam o sentido. Quando a gente acorda de manhã, é como se despertasse para novas possibilidades, para uma vida nova todos os dias. Pois hoje acordei com a notícia de que minha vida renovada neste dia não terá mais meu melhor amigo. Tenho uma percepção diferente e tranquilizadora sobre a morte, mas essa perda... ahhhh... como estou triste, meu Deus, dói tanto!!!! Que dor!!! Que dor!!!

O Gus foi uma das pessoas mais lindas que tive na vida, meu parceiro na alegria, na tristeza e todos os outros sentimentos, meu acolhimento por qualquer meio, mesmo quando nossos dias eram tão atarefados que duravam meses de afastamento físico, ele estava sempre disponível, provando que o amor verdadeiro não morre na distância. 
Seu sorriso lindo e constante, os olhos verdes brilhantes e aquele topete no cabelo, faziam parte de um conjunto que o transformavam, como a gente brincava, num personagem de desenho animado. Tinha sempre uma solução pra tudo em sua bolsa ou em alguma gaveta do seu quarto.
Sempre sorridente e quando falava sério, eu tirava sarro dos biquinhos que fazia o formato da sua boca. Se expressava com as mãos, como todo bom italiano, mas tinha classe e um porte perfeitos. Era um homem muito bonito, que chamava a atenção e eu adorava quando a gente saía e ele fingia que era meu namorado. 
Ele era tão abraçável, meu Gu. Me abraçava de uma maneira única, com a verdade de seu coração, e não permitia que eu saísse dali sem antes dispensar a angústia e consertar o sentimento. Mas também me apertava muito quando o abraço era de alegria, comemoração. Me erguia do chão com aquele tamanho e seus braços gigantes que, desconfio, foram feitos mesmo com o propósito de abraçar, porque eu não era a única que se sentia privilegiada por essa boa amizade. 
Ele me ensinou a amar o que tenho, sem desperdiçar o desejo, mas com paciência para quando a conquista acontecesse com lentidão. 
Ele me ajudou a lidar com a ferida de uma paixão doente e sempre me lembrava sobre meu valor como a mulher que me enxergava.  como eu merecia muito mais, um príncipe que viesse em um carro importado e todas as sortes materiais da vida, para que pudesse trabalhar menos e cuidar melhor dos cabelos (quando eu aparecia tarde da noite na casa dele, depois de sair descabelada e despedaçada de cansaço da redação). "Mas se não for um príncipe, querida, que seja só mesmo um cavalo 'com pedigree' pra vc cavalgar ao vento e justificar esse cabelo que merece ser apresentado a um pente. Sapo não, porque sapo é feio, ninguém merece, muito menos vc que é tão linda." 
Nessas brincadeiras, fazia com que eu percebesse imediatamente um valor que a gente esquece que tem quando está dentro do olho do furacão, quando a vida está a mil e a principal perspectiva é conseguir dormir logo pra acordar no outro dia e recomeçar a correria.
Ele tinha uma sensibilidade maravilhosa comigo. Não me perguntava sobre como eu estava, simplesmente tentava buscar alternativas para que eu estivesse sempre bem, mesmo quando com ele as coisas estavam difíceis. Era a prova de que amizade não é feita de trocas, mas da capacidade individual de doar-se, principalmente quando se é buscado.
Por conta disso, passava horas, depois do trabalho na agência de publicidade, se dedicando a tornar realidade os sonhos dos outros. Artesanalmente, ficava dias fazendo sozinho maços de 500, 1.000 convites de casamentos ou aniversários chiquérrimos que ele organizava, escolhendo temas de acordo com o desejo do cliente, colando laços, tecidos, recortando um por um, numa dedicação como se o sonho fosse dele, mas era de desconhecidos e, mesmo assim, ganhava dele todo o amor e cuidado. 
Num dos dias mais legais que tivemos juntos, há exatamente um ano, fomos para SP num final de semana, assistir a casamentos com apresentação de orquestra. A gente estava ali pra reparar em cada detalhe, com a finalidade que ele pudesse aplicar algo em seu trabalho como organizador de eventos. Era uma situação muito engraçada, mas também emocionante. Escrevi sobre isso neste blog na época - http://daniricci.blogspot.com/2010/11/amar-e-um-privilegio-de-todos.html  - e muita gente comentou, porque falei do amor, um tema que mexe mesmo com as pessoas. Apesar de parecer que não, todo mundo quer ter alguém para amar e ser amado. 
Antes da peregrinação por igrejas paulistanas, passamos em um shopping e ele me levou a uma dessas lojas de maquiagem importada, caríssima, sonho de consumo para quem ama maquiagem como eu. Assim, eu também ganhava uma maquiagem para provar os produtos e ir mais bonita aos casamentos. Esperto.
Na loja, tudo muito caro, mas segundo ele, "necessário para realçar essa sua beleza escondida" (dizia antes de rir muito e segurar meu rosto para cima, elogiando minha pele). Pois, seguindo as péssimas orientações dele, comprei uma vez um gloss Givenchy com brilho de borboleta, na cor de edição limitada Island Papaya, um verdadeiro must cor de laranja pelo qual sou apaixonada. 
Apesar de ter custado a exorbitância de mais de R$ 100, não dura dois minutos na boca. Chegamos à conclusão que o charme está em tirar o gloss da bolsa a cada três minutos para retocar, deixando à mostra o sofisticado logotipo da marca, lindíssimo por sinal. Repita, Dani: "eu sou rica!", ele me dizia e ríamos muito depois de eu obedecê-lo.  
Quando os primeiros sinais do meu problema atual começaram a aparecer, ele ficava sem almoço, chegava atrasado ao trabalho, dormia tarde para ficar mais tempo comigo, nem que fosse pela internet e se estivéssemos juntos, mesmo cansado ficava me ouvindo e quase dormia sobre minha cabeça, já que era bem mais alto que eu e essas conversas aconteciam durante um único abraço duradouro. 
Na mesma época, ele reclamava de algumas dores, mas dizia: primeiro vamos cuidar de vc, depois vejo o que faço comigo. E foi o que fez, cuidou de cada detalhe que tive necessidade, até questionar e discutir com médico para que fosse feita qualquer coisa para eu me recuperar com o menor sofrimento.
Quando soube que eu ficaria meses afastada do trabalho, se preocupou apenas em tornar minha casa um lugar mais confortável para mim. Organizou minhas coisas em pastas, caixas, armários e prometeu voltar para customizarmos os móveis, pintar tudo e restaurar, já que ele tinha habilidade para isso.    
Só que não cumpriu sua promessa. Ficou doente, precisamos nos afastar, e minha vida perdeu um brilho que nem o caríssimo gloss era capaz de dar. No meu primeiro dia de quimioterapia, ao chegar em casa depois de passar muito mal, encontrei no abrigo uma sacola com uma caixa de madeira, toda encapada de tecido e enfeitada de fuxicos, nada mais, nem um bilhete. Depois, me ligou e disse que só faltava o acabamento de botões e que faríamos juntos, dando início a uma série de trabalhos manuais para tornar nossas vidas mais repletas de simplicidade e como uma forma de construirmos coisas juntos.
Foi a última vez que conversamos, há mais ou menos três meses, depois ficou difícil saber notícias. Pensava nele e na sua falta todos os dias. Tantas coisas mudaram para mim e  não pudemos compartilhar. Outros bons amigos ganharam destaque, mas ele nunca perdeu seu reinado em minha vida.  
Me mostrou que tudo pode ser feito a qualquer momento e que podemos aprender a fazer de tudo, mas firmou comigo um compromisso pela metade, me abandonando para sempre e indo embora sem aviso prévio.  
Era um homem  extremamente educado, amoroso com o próximo, de coração aberto a Deus, que sempre era citado em suas palavras como a força necessária para se viver bem, olhos sempre alegres apesar das dificuldades, de uma sensibilidade admirável com a vida, de um cuidado ímpar com os sentimentos dos outros e de uma generosidade em fazer feliz quem estivesse em sua presença. 
Essa dor de agora vai aos poucos ceder espaço à saudade (que já era muita). Mas primeiro, preciso acreditar que isso está acontecendo. Escrevo para tentar amenizar minha imensa dor, mas não há palavras que acalentem a alma ferida pela despedida, não há nada que defina a pessoa importante que o mundo perdeu. Meu amigo era um exemplo de ser humano de qualidade. Era, antes de qualquer legenda, simbolismo, registro, uma grande pessoa. Eu amo vc, Gu.

Chiquérrimos na balada e eu com o fabuloso Island Papaya


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Carta de compromisso com a Dra. Daniela Christovam

Olá, Daniela!

Sou a autora do blog Linha na Pipa, de Piracicaba. Gostei muito de ver seu comentário e acho importante a gente botar os "xingamentos" pra fora quando algo tão grave nos incomoda. Sugiro que quando sentir raiva, mande tudo à merda (não ao inferno ao à puta-que-o-pariu), porque da merda, nada volta intacto. É o melhor desabafo, te garanto!!

Estou cansada de imaginar os próximos 40 dias de radio e os prováveis seis meses de quimioterapia que irei encarar a partir do final deste mês. Não deveria, mas é inevitável a pré-ocupação com o próximo período. Posso imaginar o que sente... mas nunca sentirei por vc.

Estou aproveitando o momento para acostumar minha mente a se adaptar ao "um dia de cada vez". Sou fumante, sou repórter (portanto, boêmia/ insone quase que por natureza), sou uma apaixonada pela vida, pelas pessoas, pelas cores e vejo um futuro breve e rápido para tudo isso, porém nada muito colorido. Sou otimista, não sádica.

Tenho muitos amigos especiais comigo e fortaleço minha fé, que acredito, seja o lugar onde não haja espaço para dúvidas, na certeza de que tudo passa e as experiências se renovam a cada novo olhar que lançamos à esperança de vida nova quando acordamos. Um dia de cada vez.

Já notou que recebemos da vida uma nova chance a cada dia? E que a responsabilidade é unicamente nossa ao fazermos as escolhas?

É uma fase difícil e repleta de conflitos, certamente. É um processo muito chato, cansativo, de responder a perguntas e de procurar respostas internas na tentativa de fazer avaliações vãs. Se pensarmos no viver como um todo, todo ele é composto por essas mesmas teses, em diferentes níveis e etapas.

Ontem fui a uma festa com amigos numa chácara e tive a sorte (eu acho uma grande sorte) de ver uma linda estrela cadente. Não é estrela, elas não caem, claro. Mas de criança aprendi (como todos) a fazer um pedido. Pensei: puxa vida, que sorte a minha!!! Puxa, que sorte a minha, vida!!! Obrigada!! Não poderia contar, mas vou dizer a vc bem baixinho: pedi que meu processo de terapia seja leve, maduro e consciente. Mas que seja, especialmente, breve, pois não gosto do que vem por aí, mesmo sabendo da necessidade para se estancar a ferida que se abriu em minha alma de tanta tristeza - e que os amigos, a família, não vêem, porque o amor que tenho recebido deles me impede de esconder meu melhor sorriso, meu maior abraço, minha alegre companhia, minha divertida dose de felicidade em cada momento.

Hoje mesmo pensei sobre as boas coisas que essa vida me proporcionou e, por uma mania boba de criança que a gente tem de eleger três delas, não tenho dúvida de que, dos tantos momentos que tive em meus 38 anos de idade, as melhores foram: 1- o nascimento de minha Mariana, minha verdadeira vida, meu grande amor; 2 - fazer mergulho (sou encantada pelo mar e é fascinante como a gente aprende a deixar de ser tão egoista quando se depara com outras espécies de vida, tão diferentes e tão maravilhosamente instigantes quanto a nossa); 3 - encarar esse desafio da doença, porque descubro e provo diariamente tantas formas de receber amor e cuidado.  Me tornei mais paciente e menos tolerante... mais tolerante e menos inconsciente.

Noto que o grande aprendizado, para mim, para vc, para o lindo do Gianecchini, para nossas famílias e amigos, é permitir que o amor se faça verdadeiro, que a doação seja plena em algum momento e que a dor de nossas almas frágeis e tristes seja substituída por um "não aceito isso e vou me fazer melhor".

Para nós, três estrelas, em especial, o aprendizado passa ainda pelo teste da capacidade maior da sobrevivência: vencer-se a si mesmo e fazer a escolha de quem pode mais.

Estou muito triste por ter que perder meus cabelos, que são bonitos, brilhantes, a moldura do rosto, mas agradeço por ter mãos habilidosas e mente sã para me comunicar com vc, por exemplo. E com quem mais achar que deve ler o que boto pra fora do coração.

Estou fazendo muitos planos, para todos os dias que virão e para os que se renovarão depois desses próximos. Quero usar perucas coloridas, laços e lenços, mas quero não perder a vontade de sair pra ver a rua, as pessoas e desfrutar da beleza das paisagens. Quero não sentir tantas náuseas e tonturas para continuar a escrever alguns textos para este blog. Quero sentir-me disposta para não deixar de falar com uma pessoa muito especial, que tem me feito sentir tão mais feminina e despertado uma paixão deliciosa, que provoca em mim efeitos de felicidade verdadeira ao longo de todo o resto do meu tempo... e torço para que ele também tenha essa disposição. Quero continuar otimista sem contar demais o tempo, só aproveitá-lo como fazem as crianças, para quem 20 anos e 20 moedas não acabam nunca!. Seria cruel demais comigo me ater a pensamentos negativos, embora a vontade às vezes (eu sei, minha amiga) seja de se entregar, desistir, porque parece que não vai acabar nunca!

Fui bailarina e me lembro que quando a sequência de pliês fazia latejar as batatas das minhas pernas, eu contava o tempo de trás para frente e tinha a impressão de que passava mais fácil.

Vamos tentar contar de trás para frente e ver o que acontece, xará, se tudo passa mais rápido e a dor fica mais branda? Vamos contar juntas, porque estou com vc nisso e sou grata a Deus por essa oportunidade. No três, Dani, vamo lá, sem desanimar!!! Três, dois, ummmm.... chegou o dia da nossa cerveja! Faço questão de brindar com vc a alegria de uma nova amizade que surgirá do compartilhar dessa nossa grande experiência!

Que seja leve enquanto dure. Um beijo muito carinhoso pra vc.
Carinho é o que mais a gente quer e merece neste momento.

Dani


OBS: Publico essa carta pra que vc não se esqueça do quanto é importante manter-se firme neste momento para que a gente não quebre nosso compromisso sério de tomar a cerveja. Trincando de gelada, por favor!