"Nosso horizonte é onde vamos estar amanhã." Né? |
Já pensei em escrever algo específico sobre dor de amor, mas ocorreu um
erro. A pessoa que a sente, faz isso com tanta eficiência que não
precisa de mais nada. A dor de amor nos transforma em maus pacientes, com quem não adianta gastar reza, como diz meu amado doutor agnóstico.
Tenho ouvido muitas histórias, avaliado as minhas próprias sobre o tema e noto
quanta gente tenta se proteger inutilmente dessa deliciosa cilada, que todo
mundo tenta evitar, mas todos querem vivenciar. Depois de sobreviver a
separações, situações de angústias, de novos amores que vêm e vão, de saudade que
fica e a gente não sabe o que fazer com ela, muitas vezes não por falta de experiência,
mas porque esse é o tipo de coisa que marca, mas como não merece ser lembrada, o
cérebro deleta, faz essa escolha por si.
Enfim... dói, mas quando passa é como a dor do parto: só se agradece pelo
resultado.
Dor de amor é sinal de vida, agora, saber lidar... amigas... ninguém sabe. É
uma vontade louca de mudar tudo, de sumir um pouco, de estacionar no tempo
enquanto a vida passa “lá fora”, até que se esteja pronto para voltar. O grande
consolo é: dói pra todo mundo. E passa pra todo mundo.
Mas como dói, hein... constante e massacrante. Mas olha só: amor que dói
demais, tem que ser só história pra lembrar. Por aprendizado de seleção, acho
que temos que amar a quem nos ama, aquela coisa que mãe ensina, gostar de quem
gosta da gente.
Mas quando dói muito, quando a gente tá nessa, difícil enxergar. Faz parte
de um pedaço da vida, né? Só que é só um pedaço. Tem tantas outras coisas para
se ver em todo o tempo!
Fomos brindados com 24 horas de um dia com possibilidades de quatro
estações, em que tudo pode acontecer, inclusive uma nova paixão instantânea. Não
dá para pular etapas. A gente tem que viver tudo para ter história para contar,
para engrossar a pele, viver o momento. Tem que chorar, descabelar-se, rir, se
jogar, a gente tem que engrossar mesmo.
Tenha certeza, amiga querida, de que uma dor de amor nunca é igual à outra,
só que a gente sobrevive e, ao invés de se amargurar, deve-se optar por ficar cada
vez melhor. Faz muita diferença.
Bora resolver isso. Precisamos de vinho e pizza, num final de dia de
quarta-feira; de um passeio naquele lugarzinho bucólico sobre a luz da lua azul,
dias bons para nós, música alta, de bom astral e palavras certeiras, boas
companhias, gargalhadas, choros e desabafos, mini-acessos de raiva.
A gente pode e tem todo o direito de cair e levantar, sem dar ouvidos a comentários
de quem não sabe nada sobre nós, mulheres
que acordam cedo para buscar sustento, se mantêm o dia todo sobre saltos e com
bocas coloridas de batom, criam filhotes amados e fortes, sobreviventes em um
mundo de dúvidas, voltam para casa cansadas, mas não menos lindas, íntegras e amorosas.
Cobradas para sermos fortes e mantermos a pose impecável. Certos tipos de violência
como estas não nos pervertem, não nos caem como sentença. Dormimos em lençóis claros,
com mentes tranquilas. É preciso ser fleumática para receber a novidade do dia
seguinte.
E no mais, amiga, a gente sofre de amor todo dia! É da nossa natureza
feminina amar por percepção, pela necessidade
de desejar transformar o caos. Não é discurso de miss, não somos impassíveis, não
fazemos dor maior da dor dos outros. Pelo menos não a maioria de nós, o que já é
mais que o empate.
Não aplacamos um amor de verdade com um novo amor, desvalorizando a
felicidade essencial de ter vivenciado essa experiência, mesmo quando ela termina.
O grande amor que se vai, fica guardado numa caixinha de jóia, num cantinho especial
dentro da gente. Acontece que ninguém é obrigado a gostar ou a continuar
gostando de ninguém, realmente, por isso ao outro – ou a nós, por que não? – o direito
de ir embora.
Um conselho comum e que por isso é bom: amanhã já é outro dia e coisas
maravilhosas acontecem.
Um beijo!
"...existem para você maravilhas que se fossem reveladas, a angústia da espera te sufocaria. Espere o tempo da colheita... mas não permita que seja ceifado de seus braços o direito de ser feliz enquanto espera, por mais doloroso que possa parecer." Bean
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