quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Como mel para melancia



A melancia é parente da água?? Eu como feito beber água. Adoro essas coisas que não têm gosto muito acentuado nessa época e o barulhinho da melancia sendo mordida ééé.... E a cor? Oh, fruta bonita! Mas acho que tem algo mágico em comer uma melancia, que representa um certo poder. E sei qual é. Está ligado ao facão que a pessoa encrava e vai cortando aquela frutona enorme da maneira como bem entende, tirando parte da polpa e da casca, comendo e deixando escorrer a água da melancia pela boca, cair na roupa, uma lambuzeira!!!  
Isso é que é bom, se quer saber... as sementinhas incomodam um pouco, mas será que isso também não faz parte do processo de paciência que a gente deve ter na vida com as coisas boas e passivas??? Fico olhando a melancia sobre a pia da cozinha. Me encosto ao lado. A faca encravada sobre ela, em sua polpa vermelha, como a espada de Arthur. Ela me convida, como se quisesse me convencer de que tem o poder de tirar esse amargo que está em minha boca. Mas essa sua leveza é contraditória. Veja bem: vc vai comendo como se fosse leve e quando vê, está estufado. Porque, afinal, é um alimento orgânico, não é uma fantasia! 
Mas é possível criar histórias em cima de uma melancia. Não estou com vontade agora. Só comecei pra dizer simplesmente que adoro melancia e deu nisso... essa mãozinha que quer trabalhar, os dedos não param e vou digitando, falando com os olhos, tentando somar as ideias, dar forma a algum pensamento coerente, tentar fugir um pouco do mal estar. 
Na verdade, acho que é possível filosofar sobre todas as coisas, inclusive sobre uma melancia. E não necessariamente é preciso falar. A proposta é que as pessoas sintam melhor as coisas do dia-a-dia. Apreciem os detalhes. Quando se tem todos os sentidos funcionando em perfeita harmonia, sem desequilíbrio por qualquer questão que seja, a gente corre o risco de esquecer o valor que eles têm. Como o sabor que muitos acham sem graça da melancia (e para mim é como mel), o barulhinho da polpa dissolvendo na boca, o caldo escorrendo pela pele, a sensação de tocar as diferentes superfícies da fruta, a necessidade da paciência para se livrar das sementinhas, o poder do momento em que vc se encontra frente à frente com aquele desafio de comer o suficiente para não sair rolando e passando mal, reclamando: parece que eu engoli uma melancia! 
Bom, é isso, chega. Aproveite minha proposta de observar as coisas um pouco melhor, dar valor, dar vazão à sua criatividade, relaxar. Pare de criticar os outros e tentar prever o que desejam. Ninguém quer nada tanto assim, só que o dia termine bem.