sábado, 31 de dezembro de 2011

Toutes les femmes de la maison de mon coeur


As mulheres da minha vida têm nomes doces e apelidos delicados. Têm jeito romântico, mas são de atitudes fortes, mulheres originais, de caráter único e personalidades marcantes. São como bons perfumes, que não passam sem deixar no ar o melhor da essência, sempre perceptíveis.
As mulheres da minha vida são como as boas mulheres descritas há mais de  um século por Machado de Assis: as melhores frutas do alto da macieira, apenas os bons podem alcançá-las.
Eu as tenho no melhor lugar do conforto do meu coração. Eu as amo, com um sentimento incomparável, que transcende a distância, o contato, que existe mesmo na passividade, mas também se delicia no encontro e na felicidade de observar cada sorriso.
São mulheres de grande valor, são meninas brilhantes, são senhoras de si. Alimentam a manutenção feminina como um ser divino, imponente, próximo e santificado. São seres ilibados, talvez o adjetivo que melhor as defina.
Não são apenas cor-de-rosa-choque, numa representação da feminilidade. São de uma cor específica, compreendida por olhares sábios, reproduzida pelo encantamento das flores beijadas pelas asas das borboletas, em uma tentativa de poesia frustrada pela imensidão do valor de cada uma delas.
Nesse 2012, desejo me tornar, como venho almejando ao longo da vida, um ser melhor. Quero buscar no exemplo ou apenas na perspectiva proposta pela existência dessas deusas, as qualidades que anseio para mim como representante desse sexo consagradamente superior em toda a sua natureza.
Minha felicidade tem nome e apelido femininos apaixonantes. Mariana, Jéssica, Isabela, Júlia, Bruna, Sônia, Gisele, Veridiana, Talita, Angela, Priscilla, Jaqueline, Dri, Tati, Carlota, Fabiane, Suzana, Duda, Paola, Ude, Fernanda, Cecília, Giovanna, Sandra, Luciane, Elza, Rosa, Giuliana, Lídia, Arlete, Ruth, Mena...
Eu as amo.

Daniele

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

"A vida é a perda lenta de tudo o que amamos"

Meu amigo Gustavo Cella e eu, sempre em  momentos felizes

A frase do dramaturgo e poeta Maurice Maeterlinck é perfeita para expressar meu momento de muita tristeza. Eu estou sangrando, hoje sou um pedaço de nada e todas as coisas que pareciam importantes, perderam o sentido. Quando a gente acorda de manhã, é como se despertasse para novas possibilidades, para uma vida nova todos os dias. Pois hoje acordei com a notícia de que minha vida renovada neste dia não terá mais meu melhor amigo. Tenho uma percepção diferente e tranquilizadora sobre a morte, mas essa perda... ahhhh... como estou triste, meu Deus, dói tanto!!!! Que dor!!! Que dor!!!

O Gus foi uma das pessoas mais lindas que tive na vida, meu parceiro na alegria, na tristeza e todos os outros sentimentos, meu acolhimento por qualquer meio, mesmo quando nossos dias eram tão atarefados que duravam meses de afastamento físico, ele estava sempre disponível, provando que o amor verdadeiro não morre na distância. 
Seu sorriso lindo e constante, os olhos verdes brilhantes e aquele topete no cabelo, faziam parte de um conjunto que o transformavam, como a gente brincava, num personagem de desenho animado. Tinha sempre uma solução pra tudo em sua bolsa ou em alguma gaveta do seu quarto.
Sempre sorridente e quando falava sério, eu tirava sarro dos biquinhos que fazia o formato da sua boca. Se expressava com as mãos, como todo bom italiano, mas tinha classe e um porte perfeitos. Era um homem muito bonito, que chamava a atenção e eu adorava quando a gente saía e ele fingia que era meu namorado. 
Ele era tão abraçável, meu Gu. Me abraçava de uma maneira única, com a verdade de seu coração, e não permitia que eu saísse dali sem antes dispensar a angústia e consertar o sentimento. Mas também me apertava muito quando o abraço era de alegria, comemoração. Me erguia do chão com aquele tamanho e seus braços gigantes que, desconfio, foram feitos mesmo com o propósito de abraçar, porque eu não era a única que se sentia privilegiada por essa boa amizade. 
Ele me ensinou a amar o que tenho, sem desperdiçar o desejo, mas com paciência para quando a conquista acontecesse com lentidão. 
Ele me ajudou a lidar com a ferida de uma paixão doente e sempre me lembrava sobre meu valor como a mulher que me enxergava.  como eu merecia muito mais, um príncipe que viesse em um carro importado e todas as sortes materiais da vida, para que pudesse trabalhar menos e cuidar melhor dos cabelos (quando eu aparecia tarde da noite na casa dele, depois de sair descabelada e despedaçada de cansaço da redação). "Mas se não for um príncipe, querida, que seja só mesmo um cavalo 'com pedigree' pra vc cavalgar ao vento e justificar esse cabelo que merece ser apresentado a um pente. Sapo não, porque sapo é feio, ninguém merece, muito menos vc que é tão linda." 
Nessas brincadeiras, fazia com que eu percebesse imediatamente um valor que a gente esquece que tem quando está dentro do olho do furacão, quando a vida está a mil e a principal perspectiva é conseguir dormir logo pra acordar no outro dia e recomeçar a correria.
Ele tinha uma sensibilidade maravilhosa comigo. Não me perguntava sobre como eu estava, simplesmente tentava buscar alternativas para que eu estivesse sempre bem, mesmo quando com ele as coisas estavam difíceis. Era a prova de que amizade não é feita de trocas, mas da capacidade individual de doar-se, principalmente quando se é buscado.
Por conta disso, passava horas, depois do trabalho na agência de publicidade, se dedicando a tornar realidade os sonhos dos outros. Artesanalmente, ficava dias fazendo sozinho maços de 500, 1.000 convites de casamentos ou aniversários chiquérrimos que ele organizava, escolhendo temas de acordo com o desejo do cliente, colando laços, tecidos, recortando um por um, numa dedicação como se o sonho fosse dele, mas era de desconhecidos e, mesmo assim, ganhava dele todo o amor e cuidado. 
Num dos dias mais legais que tivemos juntos, há exatamente um ano, fomos para SP num final de semana, assistir a casamentos com apresentação de orquestra. A gente estava ali pra reparar em cada detalhe, com a finalidade que ele pudesse aplicar algo em seu trabalho como organizador de eventos. Era uma situação muito engraçada, mas também emocionante. Escrevi sobre isso neste blog na época - http://daniricci.blogspot.com/2010/11/amar-e-um-privilegio-de-todos.html  - e muita gente comentou, porque falei do amor, um tema que mexe mesmo com as pessoas. Apesar de parecer que não, todo mundo quer ter alguém para amar e ser amado. 
Antes da peregrinação por igrejas paulistanas, passamos em um shopping e ele me levou a uma dessas lojas de maquiagem importada, caríssima, sonho de consumo para quem ama maquiagem como eu. Assim, eu também ganhava uma maquiagem para provar os produtos e ir mais bonita aos casamentos. Esperto.
Na loja, tudo muito caro, mas segundo ele, "necessário para realçar essa sua beleza escondida" (dizia antes de rir muito e segurar meu rosto para cima, elogiando minha pele). Pois, seguindo as péssimas orientações dele, comprei uma vez um gloss Givenchy com brilho de borboleta, na cor de edição limitada Island Papaya, um verdadeiro must cor de laranja pelo qual sou apaixonada. 
Apesar de ter custado a exorbitância de mais de R$ 100, não dura dois minutos na boca. Chegamos à conclusão que o charme está em tirar o gloss da bolsa a cada três minutos para retocar, deixando à mostra o sofisticado logotipo da marca, lindíssimo por sinal. Repita, Dani: "eu sou rica!", ele me dizia e ríamos muito depois de eu obedecê-lo.  
Quando os primeiros sinais do meu problema atual começaram a aparecer, ele ficava sem almoço, chegava atrasado ao trabalho, dormia tarde para ficar mais tempo comigo, nem que fosse pela internet e se estivéssemos juntos, mesmo cansado ficava me ouvindo e quase dormia sobre minha cabeça, já que era bem mais alto que eu e essas conversas aconteciam durante um único abraço duradouro. 
Na mesma época, ele reclamava de algumas dores, mas dizia: primeiro vamos cuidar de vc, depois vejo o que faço comigo. E foi o que fez, cuidou de cada detalhe que tive necessidade, até questionar e discutir com médico para que fosse feita qualquer coisa para eu me recuperar com o menor sofrimento.
Quando soube que eu ficaria meses afastada do trabalho, se preocupou apenas em tornar minha casa um lugar mais confortável para mim. Organizou minhas coisas em pastas, caixas, armários e prometeu voltar para customizarmos os móveis, pintar tudo e restaurar, já que ele tinha habilidade para isso.    
Só que não cumpriu sua promessa. Ficou doente, precisamos nos afastar, e minha vida perdeu um brilho que nem o caríssimo gloss era capaz de dar. No meu primeiro dia de quimioterapia, ao chegar em casa depois de passar muito mal, encontrei no abrigo uma sacola com uma caixa de madeira, toda encapada de tecido e enfeitada de fuxicos, nada mais, nem um bilhete. Depois, me ligou e disse que só faltava o acabamento de botões e que faríamos juntos, dando início a uma série de trabalhos manuais para tornar nossas vidas mais repletas de simplicidade e como uma forma de construirmos coisas juntos.
Foi a última vez que conversamos, há mais ou menos três meses, depois ficou difícil saber notícias. Pensava nele e na sua falta todos os dias. Tantas coisas mudaram para mim e  não pudemos compartilhar. Outros bons amigos ganharam destaque, mas ele nunca perdeu seu reinado em minha vida.  
Me mostrou que tudo pode ser feito a qualquer momento e que podemos aprender a fazer de tudo, mas firmou comigo um compromisso pela metade, me abandonando para sempre e indo embora sem aviso prévio.  
Era um homem  extremamente educado, amoroso com o próximo, de coração aberto a Deus, que sempre era citado em suas palavras como a força necessária para se viver bem, olhos sempre alegres apesar das dificuldades, de uma sensibilidade admirável com a vida, de um cuidado ímpar com os sentimentos dos outros e de uma generosidade em fazer feliz quem estivesse em sua presença. 
Essa dor de agora vai aos poucos ceder espaço à saudade (que já era muita). Mas primeiro, preciso acreditar que isso está acontecendo. Escrevo para tentar amenizar minha imensa dor, mas não há palavras que acalentem a alma ferida pela despedida, não há nada que defina a pessoa importante que o mundo perdeu. Meu amigo era um exemplo de ser humano de qualidade. Era, antes de qualquer legenda, simbolismo, registro, uma grande pessoa. Eu amo vc, Gu.

Chiquérrimos na balada e eu com o fabuloso Island Papaya


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Vida grita dentro de mim



Hoje, dia 12, chego à metade das seis sessões de quimioterapia, desta primeira das três fases do tratamento preventivo. Só quem está mesmo muito próximo para saber o quanto esse período de 135 dias tem sido inacreditável, movido por descobertas.

Minha vida tem sido abençoada de gente, de coisas boas, de mudanças que tento  aceitar usando a sensibilidade de quem quer fazer tentativas. As experiências são benditas.

Até aqui, foi como se eu tivesse ganhado um anjo guardião que irá morar para sempre em minha alma para tornar as coisas mais leves. Ele, me fez reaprender a sonhar, a ouvir a música do passado apenas com o sabor das boas lembranças e seguir em frente com coragem e a amar a mulher bonita e interessante que despertou nessa fase da vida.

Pois bem, agora o anjo passou a ser eu. Porque a primeira impressão de minha vida ao acordar é minha, depois de uma noite bem dormida sob a luz de uma lua que é igual para todos, em paz com minha consciência e com a verdade do meu coração. As escolhas vêm da conversa com meu íntimo, o conhecimento que adiro é único, já que somente eu posso senti-lo depois de experiências e experimentos.

Assim, a partir dessa nova percepção, pude provar a verdade no olhar de meus outros anjos: um amor desejado, bons amigos sempre esperados e a família importante e adequada, que se mostram cada dia mais significativos.

É muito boa a sensação de serenidade. Isso também faz parte da minha redefinição de postura e sobre o que quer dizer praticar a paciência como um dos maiores poderes pessoais. Leva ao encontro do equilíbrio, mesmo quando a situação é de uma perda lamentável ou, mais, quando o fim chega sem despedida, abrupta e cruelmente.

Só peço aos que amo imensamente: tenham cautela com meus sentimentos e respeitem minhas necessidades. Eu não vou deixar de cuidar de tudo o que posso, não por carência, possessividade ou controle, mas porque isso está em minha essência. Agora, porém, por diversas razões, sou eu quem precisa ser cuidada. É o que quero e tenho recebido à medida da capacidade de quem está.

Obrigada a todo mundo. A metade de um todo já é um inteiro, porque o iniciar é uma experiência que exige somar no nosso ser divino a coragem e a sabedoria.

“Hoje eu vou mudar, pôr na balança a coragem, me entregar ao que acredito, para ser o que sou sem medo... Sair de dentro de mim e não usar somente o coração, parar de cobrar os fracassos, soltar os laços – 'dar linha na pipa mais uma vez' - e prender as amarras da razão! Voar livre com todos os meus defeitos, para que eu possa libertar os meus direitos e não cobrar dessa vida nem rumos e nem decisões. Hoje eu preciso e vou mudar! Dividir no tempo e somar no vento todas as coisas que um dia sonhei conquistar. Porque sou mulher como qualquer uma, com dúvidas e soluções, com erros e acertos, amor e desamor. Suave como a gaivota e ferina como a leoa, tranquila e pacificadora, mas ao mesmo tempo irreverente e revolucionária. Feliz e infeliz, realista e sonhadora, submissa por condição, mas independente por opinião. Porque sou mulher com todas as incoerências que fazem de nós um forte sexo fraco.”


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Espera


Enquanto você não chega, penso no que poderia eu, ter errado...

E se você não chega, o que deveria fazer para te despertar a pressa?

E enquanto te espero, tenho o cuidado de estar do jeito que mereces...

Mas, enquanto você não chega, me distraio com o que há de mais lindo e belo

Para quando, enfim, você estiver comigo... nada mais me encante.

(Gustavo Bean Leoce) ... Lindo isso!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sábia como as rugas na sola dos pés


Existe uma lenda que conta que as mulheres foram criadas a partir de uma ruga na sola do pé divino de uma bruxa, chamada La Que Sabé, lá das redondezas do  México.

Por serem feitas dessa forma, é que as mulheres são criaturas cheias de sabedoria e sentimentos: surgiram essencialmente da pele da sola do pé, que tudo sente, onde há maior sensibilidade e onde estão concentrados os pontos de referência de todo o corpo.

Li sobre isso no livro “Mulheres que correm com os lobos” (Clarissa Pinkola Estés), que fala sobre as mulheres selvagens, coisa que todas são, de maneiras diferentes.  

Talvez esteja aí uma das explicações para que mulheres sejam seres tão intensos, apaixonados, iguais. Não somos seres complexos, somos completos e não devemos esquecer isso.

Mesmo quando a vida nos impuser momentos de dificuldade, o ser feminino é tão lindo e divino que se redescobre em detalhes, como se o poder de transformar-se brotasse da epiderme, tão nítido se torna de repente.

A mulher, quando quer, é uma luz que cega, de tanto que encanta. Mas é preciso abrir a brecha para que essa luminosidade se dissipe.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Por obséquio, dá uma chance a esse cupido?





Amar é jogar-se! Certamente quem já amou sabe o significado desse termo. Não é apenas expressar palavras que saem facilmente dos lábios. Porque falar é fácil. O "eu te amo" vem de dentro, deve ser respeitado e valorizado. Quando alguém gosta realmente de você... poxa vida!!! Essa pessoa fez uma escolha e foi por você!!! Não vale dizer que não vale a pena, não vale dizer que não serve, mesmo que você  não sinta o mesmo. 
Pessoas não são pedaços de pau, sem vida. Sentir é concreto sim, não importa a distância, não interessam os obstáculos, a gente não se apaixona por uma cicatriz ou por um par de olhos. Amar é quando se almeja o ser completo, com suas imperfeições, com seus defeitos, limitações. É assumir o risco, porque muitas vezes ele ocorre apenas em  mão única de direção. E daí? Não foi sua escolha? 
Que tipo de gente é essa que tem medo de sentir por receio de não ser correspondida, de sofrer depois? Amar é arriscar, como viver, como sair de casa! Você pode ser correspondido ou não, pode sofrer depois ou durante ou por um longo período de tempo se não for compreendido, mas uma hora passa, tem que passar. A dor nunca é eterna, mas a lembrança é. Fica com as boas lembranças, opta por elas, pra que se martirizar com o que não foi bom, martelar até morrer de tédio e antipatia? 
Por vezes, a lembrança deixa marcas na personalidade, faz com que a gente pense em se arriscar menos e tenha a certeza de que vai errar menos... mas aí você conhece aquela pessoa especial e... pimba!!! Se apaixona de novo, se amarra, se enrola até os cotovelos, se entrega, vive a vida, renova o ar, recupera o coração, esquece a ferida e, quando vê, já era! Recomeça a aventura de ser feliz na expectativa que o outro te deseje, te valorize, te queira, te ame também. 
Amar é certeza, não se ama com espaço às dúvidas. A gente se entrega, mesmo que no futuro haja juros e dividendos, cobranças indevidas... mas relacionamentos são assim: acertos de contas, ajustes de condutas, renovação de caráter, sintonia viva, coloração da alma. Essa história de pega, mas não se apega, só pra quem está vazio. Então, vai se preencher! Pega, se apega, pega de novo, fica mais, vem pra perto, tão gostosinho, evolui nisso. Por que não?
Que medo é esse de receber o que o outro está te dando de bom? Aliás, o que o outro está te dando do melhor dele, porque amor não vem do coração, vem da mente, ganha a aprovação dela pra depois sentir no peito. 
E é tão bom amar e ser amado!! Saber que daqui do Alaska  tem alguém pensando em você, tomando atitudes que remetem à sua memória, durante todo o seu dia, mesmo que a outra pessoa esteja lá na Guiné!! Quantos quilômetros são suficientes para se dizer que ainda  é possível sentir algo por alguém e a partir de quantos quilômetros esse sentimento deve ser eliminado, execrado, partido ao meio, estrangulado?
Abomino quem não se propõe a amar de verdade, quem gosta de coisas mornas, pela metade, quem prefere a incerteza da dúvida à confiança e segurança da felicidade, mesmo sabendo que tudo tem um preço. 
A vida é isso aqui mesmo e é uma só pra essa etapa. Vai fazer o quê? Cruzar os braços e deixar passar? Com licença: aprende, vira a fita, morde a fruta, vai amar!!! 
Como diziam os Beatles, "All we need is love, love... Love is all we need". É o que todo mundo precisa. ...
Não há nada mais gostoso do que ter alguém pra compartilhar. E quem não quer, levante o braço, bem alto!
Tenha coragem de ser feliz!


Besos calientes!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Please wait!! Let it rain!!!



A natureza é mesmo uma mãe sábia. Manda essa chuva pra acalmar a vida. É como se propusesse uma reflexão sobre os dias quentes, sobre a necessidade das esperas e de se entregar ao tempo, que ninguém consegue controlar. 
Olhando a rua em que moro, vejo a enxurrada descendo pela sarjeta e lembro dos dias felizes de criança, quando não se tinha tanto cuidado nem preocupação com a saúde. A gente se deitava na enxurrada e meu cabelo lisinho castanho claro ficava uma terra só depois de quase seco. A camiseta perdia a forma depois de ser torcida com as mãos pra ficar menos encharcada. Tomar chuva era mais divertido que brincar com a Barbie, isso quando ela não acompanhava a turminha nessa aventura.
Não deito mais na sarjeta, mas quando chove, sou daquelas que desaceleram o passo e não têm medo de encolher, nem de estragar o penteado. Tomo chuva mesmo, sinto o sabor da água que cai dos céus como um presente divino.
Uma coisa que sempre me intrigava e que ainda penso é sobre a habilidade dos animais para  se esconderem nos dias molhados. Qualquer puxadinho de telha é um abrigo para um cachorro ou um passarinho; gatos, não faço ideia de como se viram tão bem;  joaninhas e outros pequenos insetos (joaninha é inseto??) escolhem as folhas mais protegidas para escapar da força da água... o que pra gente é um pingo, pra elas pode ser uma inundação.
Isso faz pensar sobre a proporção das coisas na vida e a importância que damos para elas. Outro dia li uma frase sabiamente escrita por não sei quem e que dizia mais ou menos assim: se um problema é grande demais, não há o que fazer, acalme-se e espere até que se resolva; se é pequeno, para que dar tanta importância? 
A gente pensa tanto, corre tanto, busca tantas respostas... e aí chega a chuva e manda esperar, como se proporcionasse um tempo pra lavar a alma. Mas é preciso ouvir o apelo. É... Deus sabe o que faz.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Santa Daniele do Infinito Amor e Ódio ao Próximo


As pessoas se deliciam na dor, seja delas, seja dos outros. Têm uma necessidade de visualizar a morbidez, o sofrimento, a aproximação da morte, da desistência do continuar. Exigem de quem está doente a feição que projete a dor física e emocional, eliminando qualquer possibilidade de continuar a sorrir. 
Pois saibam, meus caros, que o sofrimento é um acontecimento solitário. É um encontro sozinho do "seu eu consigo" (horrível essa colocação), é só o que vc sente, com sua angústia, seus medos, inseguranças, incertezas, dúvidas, novidades, descobertas, desesperos, necessidades, conquistas, suas coisas. Só suas.
Mas mesmo essa solidão, é amenizada pelo círculo de amor que se forma ao nosso redor. Desde que eu me lembre, sou rodeada de muito amor, nasci assim já. Minha vida toda foi repleta dessa proteção, porque não há maior indício da existência de Deus que esse dar e receber amor sem esperar herança. 
E, pensando bem, acho até que foi essa possibilidade que me tornou uma mulher corajosa, fortemente delicada. Não tenho medo de nada, como diz minha filha "tudo o que é de difícil você enfrenta, mãe", mas também não tenho medo de amar imensamente todas as coisas que a vida me oferece. 
Sou assim, intensa, por isso meu câncer eram dois: dois, simultâneos, no ovário e no endométrio, crescendo separadamente, um deles totalmente explícito, me chamando pro pega lá fora, querendo me deter; o outro, escondidinho, na tocaia, prestes a me dar o bote. Foi difícil descobrir, mas existe uma luz divina sobre todas as coisas, menos sobre línguas ferinas. Portanto, cuidado com o que sai da sua boca, cuidado com o que permite que tome conta do seu coração!
Esses dois elementos semi-espertinhos, não conseguiram levar de mim a alegria e a verdade de pessoa que me tornou uma Dani Ricci muito querida (isso mais me parece um personagem do que meu nome), amada e admirada e que oferece aos bons o mesmo amor e bem querer. Basta chegar: esta é uma porta sempre aberta! Mas não traga sua maldade, porque ela não passa nem no vão e para que eu tenha tanto amor, eu também sou feita de um ódio mágico, como coisa de bruxa, que faz com que coisas aconteçam. 
Reparei esses dias em um comercial de TV em que as pessoas se revezavam num subir e descer de escadas que dão em lugar algum e diziam as seguintes frases: "Sonhos não são feitos para passar em branco. Em qualquer parede você pode abrir uma porta. Não desista, nunca!" 
Pensei muito nisso e nas oportunidades que surgem na vida da gente, mas principalmente na forma como encaramos essas chances e, ainda, quem vai estar com a gente nessa jornada. Escolhemos, mas também somos eleitos. E é nessas companhias que daremos colorido aos sonhos, que esculpiremos  buracos e frestas em paredes inteiras para deixar passar nossos sonhos. Ninguém tem o direito, a ninguém se dá o direito de pisar em nossa trajetória. Todo mundo tem direito à boa índole.
O amor que a gente leva, é uma prova da existência real de Deus em nossas vidas. Ele não está esperando por vc no altar, bem como Cristo não está simplesmente sentado à direita do Pai. São metáforas para dizer que o divino vive dentro de nós, portanto cabe a cada um externá-lo, deixar que se torne expressão. A voz do coração tem acesso direto com Deus, é a linha divina da bondade da alma com o dono do universo. 
Não se pode entrar numa fazenda e colher as frutas do pomar sem a permissão do dono. Então, a gente tem que pedir a Deus que nos fortaleça em nossas missões, que nos permita fazer com que aconteçam, que nos mantenha intactos e protegidos diante da maldade. Estou sendo uma ferramenta, da forma como suporto, e embora a abertura na minha parede seja pequena, consigo passar por ela todas as coisas positivas e as pessoas positivas que me rodeiam. Por esse vão, eu sinto a luz entrar e ela é intensa! 
Quem não tem capacidade de amar e respeitar sem dúvidas ou inveja o que não tem a menor noção do que representa, se não consegue ver a luz passar pelas frestas da sua parede, deve recolher-se à insignificância. Quer um conselho? Vai amar!!!
Eu é quem sabe o que está acontecendo, eu sei o tamanho da minha cruz, mas sou forte! Opto por sorrir a todo momento, por estar entre amigos, sem distinção de pessoa, por chorar, me derreter em lágrimas quando estou sozinha, por respirar a vida, seja num campo silencioso, seja numa festa agitada, por  ter um novo e eterno amor no momento pra sempre, por perdoar dívidas antigas, por transformar o verbo em poesia, por fazer da poesia um desabafo, por não me importar se alguém entenderá o que falei, por provar nossos sabores, por lavar minha alma como bem entendo. Mas continuo pagando minhas contas, tomando meu sol, arrumando minha própria cama. 
Não tem nada para dizer, cale sua boca. Não tem nada para doar, ouça e aprenda. Não tem nada para fazer, vá ler um livro... ou este meu blog, que aliás, é bem inspirado. Lave a sua boca ao falar dos outros, lave a boca para falar de mim. Eu sou santa, não sou qualquer mortal cheio de dúvidas e isso não é um sacrilégio. Não creio em pecados. Creio em mim. Respeite minha divindade.

"Santo é o espírito capaz de operar milagres sobre si mesmo." (Viviane Mosé)

sábado, 10 de setembro de 2011

Trânsito sob nova direção

A comida parou na garganta e dividiu lugar com o coração quando aquela voz docinha e desesperada chamou por mim.


_ Mãe, mãeeee!!!! Eu passei, mãezinhaaa!!!

Era minha Mariana, que quase me provocou um enfarte à velocidade aproximada de 100 km por hora em três segundos para me comunicar que é a mais nova motorista habilitada das roads. 


Enquanto eu, tremendo, já fora da faixa, tentava me recompor, engolir a garfada e guiar o coração em sua devida preferencial, ela chorava emocionada do outro lado da linha, contando como havia feito a baliza perfeita. 

A conquista da CNH era o grande desejo de independência de seus 18 aninhos. Há um ano se apossou de uma "bíblia" e vem quitando as prestações do carro usado.  Responsável e determinada como é, do tipo que foca no que quer e não estaciona no tempo, ela fez tudo direitinho e passou de primeira! 

_ Você ta louca, menina??? Quer matar sua mãe? ... (respira, respira... mães italianas são dramáticas)

_ Mãe, eu consegui, to tão felizzzz!!! Agora vou ser independente!!

_ Olha só, Maaa!! (calma, Dani, isso é importante pra ela, engata uma primeira e dá os parabéns)... Parabéns!! Eu tinha certeza que você conseguiria, também to muito felizzzz!! Você merece, minha filha amada!

Depois de desligar – e não conseguir terminar o almoço por causa do susto -, meus pensamentos foram para agradecer e pedir proteção a minha menininha. Os filhos crescem e a gente não percebe o tempo passando e novas asas substituindo as que já existiam.

Não há retorno. Quando se vê, já estão andando; quando se vê, chega o namorado; quando se vê, buzinam em frente de casa.

E junto com as asas, vêm as mudanças de comportamento e de certa forma os pais ganham uma vaga especial para idosos. Nessa minha nova fase de velhinha da Mariana, ganhei um presente. Parece bobo, mas foram palavrinhas que soaram de uma maneira bem gostosa.

_ Mamiii, agora vou te levar pra passear!

Pois a vida é mesmo deliciosa, to pensando aqui, relaxada, em ponto morto... a mãetorista vai virar a carona! Adoro dirigir e dirijo bem, embora meu irmão discorde, como bom irmão que é, mas to adorando a idéia de dar um rolê com minha gatchinha por aí. Quero só pisar no freio na hora de dar palpites, pois essa minha mania de estar quase sempre atrasada me valeu a facilidade pra encurtar o trajeto. Prometo não parecer um GPS.

To pensando quilômetros à frente: adorando a oportunidade de vê-la tomando o rumo, escolhendo a direção, determinando o destino, me levando junto. Essa é outra descoberta que a gente faz: além de novas asas, os filhos dão outro caminho à vida a partir dos 18 anos. Pra gente, resta dar o sinal verde e deixá-los seguir em frente.

Não é só a carta de motorista, mas o vestibular (quer ser psicóloga), a nova casa (se estudar fora, vai ter que viver em outro canto), os amigos (que também agora começam a dirigir e isso gera um certo pânico, ainda mais quando saem da frente de casa deixando o carro morrer ou vão dando tchauzinho e saindo, sem olhar quem vem),  a promoção no trabalho (sim, ela foi efetivada este ano e já promovida... ói como isso abastece a gente de orgulho!!).

Sabe qual minha maior felicidade nisso tudo? É que, independente da direção, mesmo diante de uma bifurcação, fará uma escolha correta, não vai andar na contramão. Não estou sendo guiada pela intuição, é uma certeza! Tenho segurança nisso, minha filha. Porque vc não é apenas uma mulher linda em todos os aspectos, mas uma pessoa de muita qualidade e sabe o quanto isso é importante na condução da própria vida.

Num mundo com tanto o que se lamentar em relação ao ser humano, eu dei à luz uma grande pessoa e só por isso já deveria ter o direito à aposentadoria. Mas essa não está muito longe também, embora eu prefira a renovação. O conta-giro é rápido, principalmente quando os filhos vão tomando o lugar que antes parecia ser mais nosso do que agora.

To vibrando com essa conquista da minha Maria e já contei pra todo mundo, cheia de uma sensação de poder de mãe, que as boas mães não deixam que vire fumaça.

_ E aí, Dani, e a Mari??? ...

_ Tirou carta!!! – falo eu com um sorrisinho pra lá de Monalisa, olhando pra pessoa e esperando os cumprimentos... pra mim, no caso, logicamente, a mãe da moça saudável e inteligente e bonita e motorista, sou eu, que ficava acordada de madrugada quando ela era bebê e agora ficarei até que ouça o carro ser desligado na garagem. Haja combustível!

Minha Ma, que bom que está feliz – mesmo que a foto da carteira, que ainda não chegou, mostre uma carinha de assustada!! Que os caminhos por onde você trafegar, tenham sempre o frescor e o colorido da Primavera e que Deus esteja na direção. A mami, sempre ao seu lado!

Beijão!!


"Mamãe, me empresta o seu carro?"
Nessa hora é preciso ser Flex!


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Carta de compromisso com a Dra. Daniela Christovam

Olá, Daniela!

Sou a autora do blog Linha na Pipa, de Piracicaba. Gostei muito de ver seu comentário e acho importante a gente botar os "xingamentos" pra fora quando algo tão grave nos incomoda. Sugiro que quando sentir raiva, mande tudo à merda (não ao inferno ao à puta-que-o-pariu), porque da merda, nada volta intacto. É o melhor desabafo, te garanto!!

Estou cansada de imaginar os próximos 40 dias de radio e os prováveis seis meses de quimioterapia que irei encarar a partir do final deste mês. Não deveria, mas é inevitável a pré-ocupação com o próximo período. Posso imaginar o que sente... mas nunca sentirei por vc.

Estou aproveitando o momento para acostumar minha mente a se adaptar ao "um dia de cada vez". Sou fumante, sou repórter (portanto, boêmia/ insone quase que por natureza), sou uma apaixonada pela vida, pelas pessoas, pelas cores e vejo um futuro breve e rápido para tudo isso, porém nada muito colorido. Sou otimista, não sádica.

Tenho muitos amigos especiais comigo e fortaleço minha fé, que acredito, seja o lugar onde não haja espaço para dúvidas, na certeza de que tudo passa e as experiências se renovam a cada novo olhar que lançamos à esperança de vida nova quando acordamos. Um dia de cada vez.

Já notou que recebemos da vida uma nova chance a cada dia? E que a responsabilidade é unicamente nossa ao fazermos as escolhas?

É uma fase difícil e repleta de conflitos, certamente. É um processo muito chato, cansativo, de responder a perguntas e de procurar respostas internas na tentativa de fazer avaliações vãs. Se pensarmos no viver como um todo, todo ele é composto por essas mesmas teses, em diferentes níveis e etapas.

Ontem fui a uma festa com amigos numa chácara e tive a sorte (eu acho uma grande sorte) de ver uma linda estrela cadente. Não é estrela, elas não caem, claro. Mas de criança aprendi (como todos) a fazer um pedido. Pensei: puxa vida, que sorte a minha!!! Puxa, que sorte a minha, vida!!! Obrigada!! Não poderia contar, mas vou dizer a vc bem baixinho: pedi que meu processo de terapia seja leve, maduro e consciente. Mas que seja, especialmente, breve, pois não gosto do que vem por aí, mesmo sabendo da necessidade para se estancar a ferida que se abriu em minha alma de tanta tristeza - e que os amigos, a família, não vêem, porque o amor que tenho recebido deles me impede de esconder meu melhor sorriso, meu maior abraço, minha alegre companhia, minha divertida dose de felicidade em cada momento.

Hoje mesmo pensei sobre as boas coisas que essa vida me proporcionou e, por uma mania boba de criança que a gente tem de eleger três delas, não tenho dúvida de que, dos tantos momentos que tive em meus 38 anos de idade, as melhores foram: 1- o nascimento de minha Mariana, minha verdadeira vida, meu grande amor; 2 - fazer mergulho (sou encantada pelo mar e é fascinante como a gente aprende a deixar de ser tão egoista quando se depara com outras espécies de vida, tão diferentes e tão maravilhosamente instigantes quanto a nossa); 3 - encarar esse desafio da doença, porque descubro e provo diariamente tantas formas de receber amor e cuidado.  Me tornei mais paciente e menos tolerante... mais tolerante e menos inconsciente.

Noto que o grande aprendizado, para mim, para vc, para o lindo do Gianecchini, para nossas famílias e amigos, é permitir que o amor se faça verdadeiro, que a doação seja plena em algum momento e que a dor de nossas almas frágeis e tristes seja substituída por um "não aceito isso e vou me fazer melhor".

Para nós, três estrelas, em especial, o aprendizado passa ainda pelo teste da capacidade maior da sobrevivência: vencer-se a si mesmo e fazer a escolha de quem pode mais.

Estou muito triste por ter que perder meus cabelos, que são bonitos, brilhantes, a moldura do rosto, mas agradeço por ter mãos habilidosas e mente sã para me comunicar com vc, por exemplo. E com quem mais achar que deve ler o que boto pra fora do coração.

Estou fazendo muitos planos, para todos os dias que virão e para os que se renovarão depois desses próximos. Quero usar perucas coloridas, laços e lenços, mas quero não perder a vontade de sair pra ver a rua, as pessoas e desfrutar da beleza das paisagens. Quero não sentir tantas náuseas e tonturas para continuar a escrever alguns textos para este blog. Quero sentir-me disposta para não deixar de falar com uma pessoa muito especial, que tem me feito sentir tão mais feminina e despertado uma paixão deliciosa, que provoca em mim efeitos de felicidade verdadeira ao longo de todo o resto do meu tempo... e torço para que ele também tenha essa disposição. Quero continuar otimista sem contar demais o tempo, só aproveitá-lo como fazem as crianças, para quem 20 anos e 20 moedas não acabam nunca!. Seria cruel demais comigo me ater a pensamentos negativos, embora a vontade às vezes (eu sei, minha amiga) seja de se entregar, desistir, porque parece que não vai acabar nunca!

Fui bailarina e me lembro que quando a sequência de pliês fazia latejar as batatas das minhas pernas, eu contava o tempo de trás para frente e tinha a impressão de que passava mais fácil.

Vamos tentar contar de trás para frente e ver o que acontece, xará, se tudo passa mais rápido e a dor fica mais branda? Vamos contar juntas, porque estou com vc nisso e sou grata a Deus por essa oportunidade. No três, Dani, vamo lá, sem desanimar!!! Três, dois, ummmm.... chegou o dia da nossa cerveja! Faço questão de brindar com vc a alegria de uma nova amizade que surgirá do compartilhar dessa nossa grande experiência!

Que seja leve enquanto dure. Um beijo muito carinhoso pra vc.
Carinho é o que mais a gente quer e merece neste momento.

Dani


OBS: Publico essa carta pra que vc não se esqueça do quanto é importante manter-se firme neste momento para que a gente não quebre nosso compromisso sério de tomar a cerveja. Trincando de gelada, por favor!
 


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Eu tinha medo de ETs...



Eu tinha medo de ETs até outro dia. Até ontem, quase hoje, porque uma noite mal dormida e cheia de pensamentos pode levar à confusão mental. Eu tinha medo e fiquei refletindo até descobrir, puxa vida, que o ET sou eu! Nou sou deste mundo Terra de sensações efêmeras, relações passíveis de nenhuma importância, lado único de ônus de prova.
Gosto da liberdade de poder falar e sentir, dessa que se materializa na sensação do vento na cara e da oportunidade proporcionada pelo toque, a troca de olhares, a palavra (que é meu domínio sobre o mundo... salve Cecília!).
Entre minhs sensações deliciosas, admiro os cavalos. Imensamente. Não sei mais montar como fazia quando criança no sítio, nem tenho mais coragem porque gosto tanto que acho que eles servem para serem apreciados apenas. São espetaculares quando correm, têm uma beleza ímpar e te olham como se convidassem a um carinho. São seres divinos.
Mas também amo as invenções humanas que se assemelham a criações divinas. Acho isso dos aviões, são uma de minhas poucas paixões. Eu fecho os olhos e me lembro da emoção de voar pela primeira vez. A gente vai perdendo o chão e uma vez ali, não tem como desistir da viagem, só se quer continuar. A gente fica nas mãos do piloto, um nobre desconhecido e, mesmo assim, admirado e cheio da nossa confiança. Depois da decolagem, a estabilidade causa a impressão que são só vc e o silêncio dos céus interrompido pela força das turbinas. Me lembro que nessa minha viagem fiquei vidrada e sentia vontade de buscar as nuvens.
Quando temos a chance de olhar o mundo do alto, tudo parece tão pequeno, ao mesmo tempo tão grandioso de pensarmos nos terráqueos como pontinhos de luz a se movimentar lentamente sobre o solo, buscando seus espaços no universo que há instantes era só do outro.
Aviões de todo o porte são imponentes, diligentes, fortes, atraentes, carregam essas vidas observadoras com uma leveza que, em princípio, ao vê-los de perto, nem parece possível.
Mas há tantas coisas que se revelam diferentes do que eram no começo e às vezes continuam fortes. De qualquer forma, com poucas exceções das quais eu me lembro agora, como o veneno, é preciso dar abertura e experimentar as novidades para saber se valem à pena.
Entrar para uma batalha pode ser desde um desafio até uma necessidade e não importa o tamanho do exército, mas a forma como se reage durante a luta é o que define o resultado. Mas pior do que a derrota, é a falta de coragem, porque ela paralisa, fortalece o oponente, leva embora a confiança.
E não é a distância dos objetivos que por vezes torna as coisas impossíveis; é a inabilidade em lidar com a possibilidade da transformação.
Uma batalha dessas é como o esforço de tentar fazer alguém feliz. Requer cuidado e atenção, como tudo na vida. As armas variam de acordo com o exército e ferem de diferentes modos.
Nessa minha descoberta como ET vejo que sou tão ingênua quanto era quando terráquea. É que sou uma venusiana, Vênus é um planeta notoriamente feminino. Sou uma fêmea ingênua num planetinha feminino e não acho ruim. A ingenuidade é uma qualidade dos bons também e está sempre nos ensinando alguma coisa.
Ontem li um conto do Fabrício Carpinejar (tem link dele aqui no blog), relatando seu arrependimento ao ter feito a irmã levar uma surra ao entregar o diário de menina dela aos pais, numa estratégia de combate definida junto com o outro irmão. Como compensação - e as compensações sempre são mecanismos egoístas - ele resolveu criar o próprio diário de adolescente. Um dia, o outro irmão descobriu e também levou o diário dele aos pais. Mas o espertinho caiu do cavalo, porque no lugar de apanhar, Fabrício quase foi condecorado. Nas frases que escrevia no caderninho todas as noites, ele afirmava coisas como "adoro lavar a louça e varrer as folhas do pátio, minha mãe precisa de ajuda para não envelhecer"; "meu pai tem sido um bom conselheiro, quero ser igual a ele no futuro"; "os irmãos são anjos que me protegem dos tropeços na escola"; "nada melhor do que uma missa para começar o domingo".
Ele colocava as mentiras no diário para viver as verdades em segredo. Driblou a ingenuidade ao aprender com a experiência da punição da irmã. A mentira o poupou e até gratificou durante anos.
Quando eu era terráquea, ainda acreditava que falar a verdade era uma qualidade, mas isso é pensamento de terrestre mesmo. Não que eu tenha passado a mentir, mas agora que sou venusiana, aprendi a deixar as verdades em segredo. Foi depois de um voo bem alto, que me fez olhar os pequenos pontos de luz e sus necessidades de ser mais do que é preciso, quando o que se é já está suficiente. A vida é isso aqui mesmo, sabe, a gente se entrega às futilidades por besteira, mas a frugalidade é o que realmente traz paz.
Mas tem coisas dentro da gente que nunca mudam, mesmo quando o céu não está pra brigadeiro. É a essência, sempre digo. Então, mesmo daqui de Vênus, ainda sou fascinada pela imponência das aeronaves, pela confiança de seus comandantes e continuo apaixonada pelos cavalos, embora dispense resolutamente os coices.

É isso, minha gente. Boas viagens.


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Quero dar amor ao Giannecchini. Yes, I can!

Ana Maria Braga, Marcos Paulo (muito charmoso!), Dilma Roussef (a presidenta), a Hebe (ahhh Hebe sua linda!!!), Daniele Ricci (sua lindaa!!! rs) e agora, Reynaldo Giannecchini (afff... to sem fôlego). Já viram que eu estou entre as celebridades, né... kkkkkkk....

Em sua nota sobre a doença (ele tem um tipo de câncer que chama linfoma), o lindo do Giannecchini (esse nome dobra quantas letras mesmo?) disse que "está pronto pra luta" e conta com o carinho e o amor de todos.

Não encaro esse momento como uma luta. Primeiro porque procuro não pensar nem dar muita atenção para o que me deixa triste, depois porque não brigo com o que não me dá medo, e dificilmente tenho medo de alguma coisa.

Não encaro como uma luta, porque uma gripe forte também é capaz de derrubar a gente e depois de uns cinco dias sofrendo com ela, vc se sente um vencedor? Claro que comparar gripe e câncer é querer ser bem simplista, é até cruel. É que pra mim não é uma questão de vencer, é de fase da vida, de uma merda de fase da qual eu bem poderia ter sido poupada.

Sou a primeira mulher da família a ter faculdade, a primeira a fazer algumas outras coisas para as quais precisava meter a cara, a primeira de todos da família a ter câncer, não tinha ninguém carimbado ainda.

Mas a hereditariedade é responsável por no máximo 30% dos casos. A gente não sabe bem de onde veio essa porcaria, mas tem pesquisas que indicam também que é uma doença relacionada à tristeza da alma. Tenho mesmo que aceitar essas coisas? Quem me conhece sabe que to igual cavalo em marcha de 7 de setembro: cagando e andando pra esses diagnósticos. Quero mais é que sare logo.

Não é uma necessidade de parecer forte, não, eu encaro assim mesmo, apesar que às vezes eu choro e grito e esbravejo pra desabafar, fico mal mesmo, “muitamente” triste, porque facinho??.... ahhhh facinho não é messsmo. É tudo muito solitário, o que vc sente, o que vc passa, as coisas que ouve, o que pensa, como fica, as dúvidas que tem, o sabor dos alimentos, o olhar novo sobre o que antes parecia uma coisa e agora é outra coisa.

Somos seres únicos e diferentes, pensamos de maneiras diferentes e isso nos faz divinos. E o Gianne (íntimo meu) tem razão sobre carinho e amor: tem sido muito mais leve pra mim, porque estou recebendo tudo isso em grande quantidade, da minha família maluquinha (é que, como eu, meu pessoal sempre encontra um mote pra uma piada, a dor fica engraçada, guardadas as devidas proporções).

E tenho recebido mais do que tudo dos amigos. Gente, eu não quero ser docinha quando falo que sou uma privilegiada por ter pessoas tão especiais na minha vida. É claro que tem aquela meia dúzia que pode ir pro inferno, mas é só meia dúzia, tão poucos, tão pequenos, nada mesmo, que virem puff!!

Sou intensa, minha gratidão e amor a todos que têm se dedicado é a maior do mundo e do universo (adoro o universo e, aliás, esses dias o céu tem tido uma lua linda)! Infelizmente não posso dirigir, a dependência é o que maiiiiiis me irrita, portanto pra quem ainda não sabe, tenho contado com as caronas pra tudo e agora posso sair um pouco de casa, dar um rolê, antes de começar a quimioterapia (aí vai ficar mais difícil, mas Tb não impossível)... pois venham me buscar, faz favor!! E sem drama, sem tocar o terror, faz favor também!!

Se eu pudesse dirigir... ahhhh se eu pudesse dirigir agora.... eu ia lá correndo pra dar carinho e amor pro Giannecchini. Vai que ele se sinta só, né, é bom garantir que não falte! Alguém quer dar carona?? rs


TEM NOÇÃO DE COMO É DIFÍCIL ESCOLHER UMA ÚNICA IMAGEM DESSE HOMEM LINDO?


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

No comando da nova vida


Aprendi que quando a gente não resolve, a vida resolve pela gente. Não é questão de acomodação, mas do tempo para se fazer as escolhas, dos limites pras soluções. Eu corria e às vezes ficava confusa sobre tudo o que eu queria, eram muitas coisas e imaginava quando seria o mais rápido possível para poder concretizá-las. Aí que veio a vida e deu o basta, impôs o limite, desacelerou a rotina, circuitou a chave da fase de energia.

Uma gripe é um problema de saúde e tantas outras coisas que não são da saúde, também são um problema sério pra muita gente, pois cada um tem uma forma de encarar. Resolver e tomar decisões é o que a gente faz a todo momento, desde a hora que abre os olhos.

Bem, eu descobri que o incômodo que me tirou a paciência, limitou meus movimentos, doeu bastante e cresceu estranhamente em meu abdômen durante um mês era um câncer. Há quem, ignorantemente, ache a palavra feia, podemos chamar de tumor cancerígeno pra amenizar. Atingiu principalmente meu útero e um pouco mais, tive que tirar tudo e dói pra caramba. Resolvi contar porque eu havia feito, como todos os anos, meus exames periódicos em novembro do ano passado e estava tudo ok. Daí em abril, já não estava mais. Passei mal em junho e descobri o problema, que um mês depois, já havia crescido 10 centímetros. Um horror, essa merda é agressiva e pensa que pode comigo.

De qualquer forma, resolvi que isso é sério e é no que estou tentando me fazer acreditar, porque acreditar que está acontecendo comigo é a parte mais difícil da história e nem estou falando de aceitação. É que minha aparência está ótima, só lembro quando dói mesmo e me derruba.

A vida decidiu me desacelerar, não teve acordo. Essa porra estava aqui não sei bem há quanto tempo e eu não ouvi minha intuição? Não atentei à minha essência? Não dei importância às mudanças que estavam me transformando numa pessoa estranha para mim?

Aos 38 anos, eu já me conheço muito bem. Fui relapsa com minha luz interior. E olha que sou bastante prática, não tenho nada de lunática ou cósmica. Li e gostei de uma coisa que a querida Fernandinha Galdi escreveu: “somos seres espirituais vivendo uma experiência humana”. Acho que não precisa sequer de qualquer outra preposição.

Quando digo que fui relapsa, também não estou me culpando ou cobrando. Não acredito em culpa e pecado, não sou uma mulher do século 15. É que essa descoberta me tirou o chão, sabe. A gente tenta todo dia fazer tudo o que precisa, conquistar conforto físico e equilíbrio emocional e espiritual.

Eu fiquei tão surpresa, puxa vida, não esperava por isso nem por nada do gênero, agora que estava começando a colocar em prática meus planos traçados, promovendo mudanças que estavam visíveis em meu sorriso, provando da liberdade que as boas escolhas me permitiam desfrutar.

Bom, mas entre as inúmeras dúvidas que surgiram sobre como agir, reagir, se comportar, pra onde ir, como ficar, vem junto uma certa vergonha de admitir uma coisa dessas sem parecer uma vítima instantânea e que em nada combina comigo. E é engraçado porque muita gente antecipa sua morte, que sequer há possibilidade de acontecer agora porque sou jovem e a alternativa envelhecer ainda ganha na minha trajetória.

Mas as limitações foram crescendo e, pra minha alegria, provei da sabedoria amorosa de muita gente sensível. Minha recuperação está sendo maravilhosa depois da cirurgia que dói pra caramba, mas bendito seja o barato da morfina – que me deu alergia, mas antes a coceira que a dor!

Eu to feliz comigo, sou uma italianinha incansável. Estou reservando energia para a próxima fase, que é a da quimioterapia. Se é terapia, já é bom. Ainda dependo do resultado da biópsia completa para saber de que cor minha quimio será pintada. Brinquei com o médico que poderia o cor-de-rosa, já que é mais feminina e, pelo que entendi dele, essa não é uma boa alternativa na escala do “arco-íris phoda”.

Seja lá qual for o tom, ouvi coisas bem legais em relação a perder o cabelo (e ainda acho que isso nem vai chegar a acontecer). Um amigo muito fofo me disse que, se acontecer, tenho porte, vou ficar imponente usando lenços na cabeça, parecida com aquelas princesas do Oriente Médio. Outro, disse que vou ficar estilosa com aqueles “tecidos” amarrados. “Vc é linda e vai ficar muito massa.” Outro ainda sugeriu que eu fume maconha, como é indicado pelo governo da Espanha para amenizar os sintomas da quimio. Não curto um beck, mas vou pesquisar sobre a legitimidade disso com o médico. Outro ainda, “perplexo” com a notícia, se ofereceu pra passarmos uma tarde vendo um filme, dando umas risadas e comendo brigadeiro de colher, porque a gente pode tudo nessa vida. Bom também foi ouvir “vou rezar por nós, pra que não faltem na minha casa ingredientes pra eu fazer sopas diferentes pra vc não enjoar”; fica tranqüila porque estamos “rentinhas”; a guerra só ta começando, querida, vamos nos armar com um fuzil carregado com uma rosa; e, o melhor de tudo, “tamo junto na atividade”.

Esses são alguns exemplos de coisas que as sábias pessoas que formam meu círculo falam com o coração e têm me ajudado com essa situação nova com a qual não sei ainda lidar, mas não me assusta. Aliás, se não tem nada pra falar, mande flores virtuais, como tenho recebido todos os dias de uma amiga-flor. Mas quero dizer, meus bons e deliciosos amigos e familiares, que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena” e que “numa alma grande, tudo é grande”. Vocês são os anjos que acamparam ao meu redor, por isso sou uma pessoa muito feliz.

Nada é regra nessa vida. Tradições existem para serem quebradas, rotas podem ser mudadas, planos nem sempre dão certo e às vezes quando não dão, ficam até melhores. Porque tudo acontece como tem que ser, é assim que é.

Nem tudo são regras. Ser exceção não é rebeldia, também não é regra ser rebelde ou perfeito. Eu não sou uma regra, sou um ser único, como todo mundo, abençoada por Deus e bonita por natureza. Sem limites pra mudar 300% nas escolhas e tentativas de viver sempre melhor.

Vamos só tocando em frente.

Ahhh... tem um blog legal que descobri, que é escrito pela atriz Márcia Cabrita e chama Força na Peruca. É bem divertido e lá tem até umas dicas sobre o que dizer e não dizer pra quem tem câncer pra não encher o saco. http://marciacabrita1.blogspot.com/

É isso. Beijoooos!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Pequenas lições para celebrar a vida

Nem sempre as inspirações nos levam a pensamentos próprios. Às vezes, elas trazem em si uma motivação particular, que dá vontade de dividir com outras pessoas. É o que acontece todas as vezes que leio autores como Clarice Lispector e Mário Quintana. 
Não é nenhum deles que posto aqui hoje. É um texto que recebi num aniversário, sobre as lições que a vida nos ensina para celebrarmos o envelhecimento. Tenho lido constantemente por conta de outra situação que esotu vivendo e vou contar na minha próxima visita de trabalho ao blog.
Enfim, seguem as sugestões. 

1. A vida não é justa, mas ainda é boa.

2. Quando estiver em dúvida, dê somente o próximo passo, pequeno.

3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém.

4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente.
Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato.

5. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar.

6. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.

7. Quando há chocolate, é inútil resistir.

8. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente.

9. Não compare sua vida com a dos outros.
Você não tem idéia do que é a jornada deles.

10. Respire fundo. Isso acalma a mente.

11. Qualquer coisa que não o matar vai torná-lo mais forte.

12. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz.
Mas, a segunda vez é por sua conta e ninguém mais.

13. Quando se trata de algo realmente importante para você,
não aceite um NÃO como resposta.

14. Prepare-se mais do que o necessário, depois siga com o fluxo.

15. Seja excêntrico agora. Não espere pela velhice para vestir roxo.
Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use lingerie chique.
Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial!

16. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você.

17. Sempre escolha a vida.

18. O tempo cura "quase" tudo. Dê tempo ao tempo.

19. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.

20. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso.

21. Envelhecer ganha da alternativa morrer jovem.

22. Tudo que verdadeiramente importa no final é o que você amou.

23. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares.

24. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.

25. O melhor ainda está por vir.

26. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça.

27. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda assim é um presente.


É isso! Beijo... e até breve. =D