sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Tudo de bom [dot] com

Olha só!!

Felicidade é uma poção que se toma para se apossar da sensação de que aquilo valeu a pena. Seja em doses homeopáticas, lentamente, como se prova bons vinhos, se degusta um bom chocolate, seja de maneira intensa, como as altas gargalhadas com os amigos, momentos de alegria e intimidade com os filhos, desses que desopilam o fígado e libertam todo o organismo.
Esta é uma época de abraçar e agradecer. Todas são, mas esta, parece ter sido especialmente criada para isso. Momento de rever e reaproveitar ou reciclar, o que mais se espera é que a gente tenha sempre bons desejos de evolução para si, que se estendam aos outros e que se tornem reais. É possível querer e fazer acontecer, a vida se constrói na medida que damos a nós o poder das nossas oportunidades. É divino, sempre digo, é mais do que essa coisa humana do querer, “é um querer mais que bem-querer”, como na poesia do Renato Russo.
E amar é muito bom! De todas as formas, é muito bom. É um exercício quando a gente decide se dedicar a amar o que estiver pela frente a cada piscar de olhos. Desejo que a gente sinta. A perfeição está nisso. Que consigamos nos transformar, que a gente ame simplesmente. É muito simples. Amar nos torna seres infantis e a infância é o tempo das descobertas deliciosas que se perpetuam por toda a vida, mas nem sempre se dá a elas o sabor da criancice. Culpa da rotina, das obrigações que recebem um peso tão grande quando, até por puro prazer, deveriam ser mais leves.
Então, desejo que a gente seja leve. Pise leve, pisque leve, olhe para as próprias mãos e veja nelas o canal de energia que nos liga ao universo. Basta erguê-las, colocá-las à frente e se tocar. Se toque. Cada parte de você foi cuidadosamente selecionada para compor esse ser humano único, extraordinário.
Que a gente seja feito de muitos desejos, que tenhamos a leveza daquela felicidadezinha que arrepia quando fechamos os olhos para recordar as boas experiências e surge um sorrisinho discreto e espertinho. Sorrisinhos, risadonas... são o melhor antídoto contra as rugas e as rusgas.
Desejo! Quero muito mais bons momentos que duram na lembrança com o sabor das coisas provadas com o cuidado que a natureza das almas exige.

Que não nos falte trabalho, porque movimenta o corpo, ilumina a mente, é importante para mantermos a sobriedade e a saúde. Estou muito feliz com meu novo trabalho, experiências ricas demais, pessoas imensamente ricas delas, mestres. Como é bom começar uma nova rotina! Acho demais a chance de renascer todos os dias quando abrimos os olhos e temos uma perspectiva única. Minha grande felicidade é abrir os olhos diariamente, sentir-me viva e poder ver minha filha mais uma vez, compartilhar desse espírito me dado de presente. Tenho uma gratidão imensa a Deus por mais isso. Quantas Ele me apronta e me torna merecedora!!  Sou uma pessoa de muita boa sorte!!! Amém.

Não sou de fazer planos, gosto de viver naturalmente, mas tenho muitos para o ano que vem. Estou realmente animada. Sou passiva em relação à vida, não por comodismo, mas por respeito à sua sabedoria. Acredito que ela cuida da gente como uma boa mãe e dita os rumos, faz as melhores escolhas. Tem que exercitar essa compreensão, assim facilita entender o que a vida quer de nós.
Gosto de viver naturalmente, sem muitos rumores, deixando as coisas acontecerem. Viver com naturalidade. A gente se esquece disso às vezes e fica colocando empecilhos à felicidade, escolhendo demais, se preocupando muito mais do que precisa, não está certo. Se confiamos no poder que Deus dá a cada um para realizações excepcionalmente maravilhosas, a todo momento, não há porque se ocupar em criar situações constrangedoras, atrasar o caminho com problemas.
Desejo que a gente use mais nossa capacidade de facilitar as coisas para vivermos melhor. Dentro de um minuto tem um novo "EU" esperando para ser o melhor. Acesse-o, liberte-o, confie. Seja simples e naturalmente feliz.
Se o mundo acaba mais hoje, tudo de bom para você mais amanhã!
Beijão!

domingo, 16 de dezembro de 2012

Gentileza da Natura

Em março de 2011, postei um texto sobre as gentilezas do dia-a-dia, inspirado em uma reportagem que escrevi para o Jornal de Piracicaba. Fico feliz porque muita gente passa aqui pelo blog e muita gente gosta. Quero mesmo que gostem, obviamente, mas mais do que isso: quero que sintam. É que são palavras que escrevo com o coração ou situações que tenho vontade de contar, porque acredito que dão boas histórias.  Como autora, não consigo ver os textos de maneira fragmentada, para mim são blocos de ideias compactadas. Mas há quem consiga. O pessoal da Natura, por exemplo. E daí que essa empresa maravilhosa, que trabalha visando nosso bem-estar, escolheu uma frase em meio a tantos textos, uma das frases do texto sobre gentilezas. A citação virou uma montagem (não sei o nome correto disso) e foi parar na fanpage Natura Todo Dia, uma das peças publicitárias da empresa lá no Facebook. Sou eu em meio a escritores que tanto admiro, como Manoel de Barros, Cecília Meirelles, Martha Medeiros, Drummond, Mário Quintana. Sim, estou muito orgulhosa!! Mas estou mesmo muito feliz porque essa empresa tão importante enxergou algo de muito bom aqui e está dando oportunidade de promoção para uma escritora nanica, abrindo as janelas para que minhas palavras sejam lançadas como suas fragrâncias em novos caminhos.


Natura Todo Dia no Facebook





Um dia é um arco-íris de pequenos milagres


Arco-íris durante a chuva da tarde de domingo, da janela da minha casa:
sutil, mas estava ali para quem quisesse ver  

Temos vivenciado muitos milagres acontecendo todos os dias, mas não temos notado. Ver e enxergar são coisas distintas. Ver e sentir são ainda mais. Há coisas simples que tocam nosso coração, há situações que apenas participamos como observadores e, mesmo assim, nos tocam. Somos feitos de um poder que nos é dado com o propósito primeiro de reconhecimento: é preciso tomar partido da existência dessa força interior para que ela aja de fato e nos permita transformar as coisas. 
A essência de toda a criação é a excelência do bem, mas em certos momentos algo muda, sai da rota e migra para fora da proteção natural. É quando isso acontece que as pessoas se perdem da verdade que as faz seres inigualáveis.
Não há tempo a perder, porque a natureza essencial pede ajuda agora! Faça a diferença! Parece simplesmente uma dessas frases feitas. Sim, feitas para a diferença. É um convite grandioso, um chamamento para que cada um fortaleça seu poder de manter a essência do bem em todos as suas atitudes. 
Faça a diferença, levante-se! Restaure sua capacidade de ser mais que uma passagem pela vida do outro. Cuide das palavras para que sejam sempre boas. Muitas vezes o outro não irá compreender seu carinho com elas. Desculpe-se, perdoe-o. Lembre-se que o reconhecimento nem sempre vem na forma plena ao justo, mas não desista de ser o melhor de si, não desvie sua essência. Não caia! 
Visualize o arco-íris: surge em meio à tempestade e coloca uma beleza única na paisagem. O arco-íris faz a diferença! É como se trouxesse uma mensagem de que a dificuldade passou novamente e é possível dar cor ao caminho, mesmo que muitas vezes a gente não saiba onde começa, nem onde vai dar, mas está ali, existe, é possível. O arco-íris é um grande sinal das novas possibilidades, merece nossa observação poética. É um dos pequenos milagres cotidianos, como tantos outros que ocorrem e passam despercebidos. 
Preste atenção! Viva seus milagres diários.

Beijão!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

La Cucaranossauro



Moro numa casa só de mulheres: eu, Mariana e todas as meninas dentro de nós. E como numa boa casa de mulheres, baratas não são bem-vindas. Mesmo assim, algumas às vezes insistem em fazer parte da nossa vida, principalmente quando está calor.
Chegam em grande estilo, pelos ares, imponentes e lânguidas, na maioria aterrissam tão rápidas que você só sabe que estão ali quando ouve o trem-de-pouso baixar e as asas se recolherem. Aí, ela começa a taxiar por sua casa, intrépida, descobridora de todo o ambiente com aqueles radares dianteiros enormes. Bem independentes essas espertinhas. 
O mais interessante é que parece que quando você mata uma, o espírito da morta permanece no ambiente, zumbizando em seus ouvidos. E mais: elas sabem que ali está havendo o velório de uma igual e resolvem aparecer, mas desta vez chegam como de submarino, muito mais silenciosas. A gente sempre tem uma intuição que tem mais uma.
Agora, imagina isso por volta da uma hora da madrugada!! Depois de se deparar com ela, tem início uma peleja que parece não ter mais fim, como o sono que você estará fadado a sentir no dia seguinte, por culpa da cascuda.
Dia desses ela resolveu aparecer quando eu fechava a porta de minha sacada. Entrou voando pela sala, quase passando sobre mim, como se estivesse perdendo a última chamada para um embarque internacional. Desesperada, como eu fiquei quando a vi, pois já sabia que perderia um tempo lhe dispensando atenção.
Mas tinha que ser, seu tamanho era de assustar! Parecia uma vaca Nelore, dotada de asas de pterodátilo, invadindo o espaço sideral da minha cápsula de armazenamento. Quem acha que é exagero, é porque não a viu. Nojentinha!!!
Dei adeus ao sono e corri procurar o SBP-Terrível-Contra-os-Insetos. Sem sucesso. Em algum lugar do passado eu havia emprestado o inseticida a uma vizinha muito medrosa, num desses empréstimos rotineiros entre vizinhos, apelidados de "Só um V" (o de Vai... e não volta).
Desarmada do ideal - afinal, o som da bicha estalando e a gosma espalhada pelo chão depois disso, não são nada agradáveis -, parti para a segunda opção natural à matança baratística: o chinelinho. Foi nessa hora que o pânico tomou conta de mim. Meu chinelinho fofo, branquinho, novo, de pelúcia, não foi feito para a guerra.
Enquanto eu pensava numa alternativa rápida e próxima, já que não poderia perdê-la de vista, observava fixamente aquela bandida percorrendo, dona de si, os contornos da minha TV. Aquelas antenas de triceratops (simmmm, as baratas são dinossauros!!), verdadeiros sensores de radar a longa distância, pareciam detectar a presença do eu-nimigo (ok, esse trocadilho foi um horror). Era eu ou ela, sendo eu já armada da tropical havaianas e ela, de suas asas. 
Bati, errei. Na verdade, joguei o primeiro pé do chinelo, no desespero que ela usasse suas asas contra mim. Ela facilitou. Foi o outro pé, certeiro para atordoá-la, mas rápido demais para o extermínio total. Última chance: a revista, material que não falta em minha casa e que, depois de servir gloriosa como arma para minha vitória, foi para o lixo junto com sua vítima. 
Fim de jogo. Game over. Vou dormir. Ventilador ligado na velocidade 3, cama arrumadinha, quarto fresco, ajeito meus travesseiros e me jogo para o descanso. Apago a luz, adoro dormir no escuro. Ajeito-me sobre meu colchão gostoso, viro-me para a esquerda, suspiro e fecho os olhos. No meio do silêncio, surge um "zumm" de asas sobrevoando meus ouvidos. Levanto correndo pra acender a luz!!! Tinhosas!! Eu disse que elas andam em bandos e se escondem no submundo??!! 
Desgraçada, vontade de chorar de raiva! Lá se foi mais uma hora perdida. Eu é que não queria aquele bicho caminhando sobre mim à noite. Por fim, sem sucesso, fui vencida. Dei uma "banana" para la cucaratcha e parti pro sono, que só durou três horas até a alvorada do dia seguinte. 


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Meu retrato em amarelo





Cabelinho fresquinho, trabalho maravilhoso com pessoas maravilhosas, filha saudável e humana, amigos espetaculares que não me largam, saúde em riba. 
Falo, ando, vejo, sinto, tenho todos os sentidos em ordem, acordo com a certeza de um dia excepcionalmente melhor, sou livre, estou sempre sorridente e feliz, não me falta amor nem pra receber nem pra doar.
Minha casa tem luz elétrica, chuveiro quente e frio, colchão novo super delícia, meu "apertamentinho" é aconchegante, as contas estão sempre em dia, comida não falta no prato, tenho enfeites de Natal que logo tiro da caixa e pretendo encher a casa de magia este ano.
Vamos ver... o que mais??? Tudo!!! Tenho tudo o que preciso e o desejo de evoluir. E sou portadora de uma mágica: tudo o que quero, eu consigo, porque acredito. Se não vem como e quando quero, sempre vem a justificativa redondinha. Isso é muita sorte na vida!!
Se, ao fazer seu check list, você não se identificou com tudo isso também, de acordo com as SUAS proporções, com a SUA história de vida, posso te indicar o meu administrador, o ser divino que me rodeia, abre as clareiras, varre meus caminhos, me protege, segura, ouve, orienta. O nome dele é Deus, mas atende também por Fé.
E ele me deu a graça de ser quem sou, um privilégio (essa palavra é linda!) na vida de quem me acolhe. 
Sou um campo de girassóis, sempre voltada pra luz, recebendo boas energias. Sou um campo porque as pessoas que amo passeiam por mim livremente, completas e acolhidas. 
Sou divertida, calorosa, sorriso aberto, abraço grande, olhos verdadeiros, sou uma pessoa fiel, sinto de verdade, falo a verdade mas prefiro muitas vezes medir palavras para não magoar. 
Não gosto de gente que fala o que pensa a qualquer custo, que despreza os outros, que humilha, que se sente no direito de desvalorizar o outro e suas conquistas (independente do tamanho delas), que dá nota sem ter sequer valor, que é injusta, desonesta, ingrata, mexeriqueira. Não gosto de gente covarde.
Mas, pode parecer estranho, respeito gente ignorante. Porque mesmo que o conhecimento seja gratuito, nem todo mundo tem capacidade, discernimento ou até mesmo necessidade de buscá-lo. E alguns tipos de ignorância servem até como proteção.
Eu gosto de gente e mesmo as que têm defeitos que são graves pra mim, eu as respeito. É que isso faz eu me sentir bem, feliz, em tranquilidade. Como se eu dançasse em meio a um campo de girassóis. Quando estou nessa paz, me sinto como um deles. 

"Aonde tenha Sol, é pra lá que eu vou!" 


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Date a girl who reads


"Namorei" esse texto do início ao fim. Como leitora compulsiva, de Barsa a folheto de mercadinho, digamos que esse espaço cedido a ele em meu blog pode parecer algo como legislar em causa própria. Não é propaganda, estamos cheios delas neste período de eleições, mas é quase uma defesa das mulheres leitoras: sou uma nerd moderninha, a descolada certinha, embora distante (Grazie Dio!) de puritana. 
Como canta a Rita, eu, assim como a Pagu, "não sou freira, nem sou puta". Sou leitora. Leio três livros ao mesmo tempo para conseguir segurar minha atenção em pelo menos um, desisto dos três se me dá vontade, paro e volto, concluo e posso recomeçar o mesmo livro para degustar de novo.
Livros são obras de arte. Precisam ser contemplados. E o que mais me intriga é a ousadia do autor, a coragem de arriscar a oferecer um pedaço tão grande de si aos outros. 
Ler é como fazer amor: tocar, sentir a textura, o cheiro, buscar a melhor forma de se acomodar naquele instante, apreciar, sentir, tomar posse por alguns momentos, apaixonar-se, ser único, deslizar, virar a página para continuar a história. 
E, a não ser pelos propósitos que os estudos freudianos poderiam talvez esclarecer, "namorar" uma mulher que lê (e sabe interpretar, o que infelizmente nem todo mundo sabe) é dispor-se a um universo muitas vezes mais interessante até que o próprio livro. Basta fazer boa leitura. Beijos meus... 





"Namore uma garota que lê"


Rosemarie Urquico



Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.
Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.
Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criado pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro.
Compre para ela outra xícara de café. 
Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gostaria de ser a Alice.
É fácil namorar uma garota que lê. 
Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, E. E. Cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade, mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.
É que ela tem que arriscar, de alguma forma.
Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois.
Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem.
Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.
Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.
Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.
Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.
Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve."


domingo, 9 de setembro de 2012

Conversinha necessária pra aceitar as coisas como são


Não é como uma onda que apaga o que a gente escreveu na areia...

Hoje fui buscar em um texto primoroso do português  Miguel Esteves Cardoso, as palavras que conversaram melhor com meu coração. E as achei perfeitas,por isso compartilho com vocês. Na verdade, eu não as busquei. Eu busquei minha amiga Fabiane e ela me deu esse Miguel. Providencial. Meu coração oscila entre paciente e imediatista, quer amar, mas quer esquecer, sente-se emocionalmente feliz, mas realista demais, não consegue um equilíbrio, parece que perdeu a adolescência da loucura das realizações, sem ligar que sejam efêmeras. Parece um velho com medo de sofrer. Parece estar perdendo a malemolência de conquistador. Pare com isso, coração! Não subestime o lugar em que você vive.


Como esquecer (e nunca esquecer...)


Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa, como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já não está lá?

As pessoas têm de morrer, os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece?

Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas!

É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou de coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso primeiro aceitar.

É preciso aceitar esta mágoa, esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados, se tivessem apenas o peso que têm em si: isto é, se os livrássemos da carga que lhe damos, aceitando que não tem solução. Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença do que se padeceu. Muitas vezes só existe a agulha.

Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.

O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças, na esperança de ele se cansar.

Porque é que é sempre nos momentos em que estamos mais cansados ou mais felizes que sentimos mais a falta das pessoas de quem amamos? O cansaço faz-nos precisar delas. Quando estamos assim, mais ninguém consegue tomar conta de nós. O cansaço é uma coisa que só o amor compreende. A minha mãe. O meu amor. E a felicidade faz-nos sentir pena e culpa de não a podermos partilhar. É por estarmos de uma forma ou de outra sozinhos que a saudade é maior.

As pessoas nunca deveriam morrer, nem deixarem de se amar, nem separar-se, nem esquecer-se, mas morrem e deixam e separam-se e esquecem-se. Custa aceitar que os mais velhos, que nos deram vida, tenham de dar a vida para poderem continuar vivos dentro de nós. Mas é preciso aceitar. É preciso aceitar. É preciso sofrer, dar urros, murros na mesa, não perceber. E aceitar. Se as pessoas amadas fossem imortais perderíamos o coração. Perderíamos a religiosidade, a paciência, a humanidade até.

Há uma presença interior, uma continuação em nós de quem desapareceu, que se ressente do confronto com a presença exterior. É por isso que nunca se deve voltar a um sítio onde se tenha sido feliz. Todas as cidades se tornam realmente feias, fisicamente piores, à medida que se enraízam e alindam na memória que guardamos delas no coração. Regressar é fazer mal ao que se guardou.

Uma saudade cuida-se. Nos casos mais tristes separa-se da pessoa que a causou. Continuar com ela, ou apenas vê-la pode desfazer e destruir a beleza do sentimento. As pessoas que se amam mas não se dão bem, só conseguem amar-se bem quando não se dão. Mas como esquecer? Como deixar acabar aquela dor? É preciso paciência. É preciso sofrer. É preciso aguentar.

Há grandeza no sofrimento. Sofrer é respeitar o tamanho que teve um amor. No meio do remoinho de erros que nos revolve as entranhas de raiva, do ressentimento, do rancor temos de encontrar a raiz daquela paixão, a razão original daquele amor.

Para esquecer uma pessoa não há vias rápidas, não há suplentes, não há calmantes, ilhas das Caraíbas, livros de poesia - só há lembrança, dor e lentidão, com uns breves intervalos pelo meio para retomar fôlego. Esta dor tem de ser aguentada e bem sofrida com paciência e fortaleza. Ir a correr para debaixo das saias de quem for é uma reacção natural, mas não serve de nada e faz pouco de nós próprios.

A mágoa é um estado natural. Tem o seu tempo e o seu estilo. Tem até uma estranha beleza. Nós somos feitos para aguentar com ela.

Podemos arranjar as maneiras que quisermos de odiar quem amamos, de nos vingarmos delas, de nos pormos a milhas, de lhe pormos os cornos, de lhe compormos redondilhas, mas tudo isso não tem mal. Nem faz bem nenhum. Tudo isso conta como lembrança, tudo isso conta como uma saudade contrariada, enraivecida, embaraçada por ter sido apanhada na via pública, como um bicho preto e feio, um parasita de coração, uma peste inexterminável barata esperneante: uma saudade de pernas para o ar.

O que é preciso é igualar a intensidade do amor a quem se ama e a quem se perdeu. Para esquecer é preciso dar algo em troca. Os grandes esquecimentos saem sempre caros. É preciso dar algo em troca. Os grandes esquecimentos saem sempre caros. É preciso dar tempo, dar dor, dar com a cabeça na parede, dar sangue, dar um pedacinho de carne.

E mesmo assim, mesmo magoado, mesmo sofrendo, mesmo conseguindo guardar na alma o que os braços já não conseguem agarrar, mesmo esperando, mesmo aguentando como um homem, mesmo passando os dias vestida de preto, aos soluços, dobrada sobre a areia de Nazaré, mesmo com muita paciência e muita má vontade, mesmo assim é possível que não se consiga esquecer nem um bocadinho.

Quanto mais fácil amar e lembrar alguém - –uma mãe, um filho, um amigo, um grande amor –- mais fácil deixar de amá-lo e esquecê-lo.

Raio de sorte, ó lindeza, miséria suprema do amor. Pode esquecer-se quem nos vem à lembrança, aqueles de quem nos lembramos de vez em quando, com dor ou alegria, tanto faz, com tempo e paciência, aqueles que amamos com paciência, aqueles que amamos sinceramente, que partiram, que nos deixaram, vazios de mãos e cheios de saudades, esses doem-se e depois esquecem-se mais ou menos bem.

E quando alguém está sempre presente?

Quando é tarde. Quando já não se aguenta mais. Quando já é tarde para voltar atrás, percebe-se que há esquecimentos tão caros que nunca se podem pagar.

Como é que se pode esquecer o que só se consegue lembrar?
Aí está o sofrimento maior de todos. O luto verdadeiro.
Aí está a maior das felicidades.

Um beijo! 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Um amigo e nossa fortaleza

Alessandro e eu, comemorando nosso aniversário em 2011. Taurinos, valentes e felizes por natureza!!


Hoje tive um momento muito especial de troca, cumplicidade, amizade, amor verdadeiro. Muito especial. Falei com meu grande amigo Alessandro Meirelles, que nomeei de "carioca da minha vida", uma pessoa das mais íntegras, honestas e de coração maravilhoso que já conheci nessa passagem. 


Mesmo contando 15 anos de profissão como jornalista, aprendi horrores com ele em cada matéria que a gente batia, em cada pauta discutida, na minha observação sobre sua percepção sagaz dos temas, opiniões certeiras sobre as coisas, as histórias de vida e sua abertura para as novidades. Um repórter incrível, um homem lindíssimo física e espiritualmente, um verdadeiro bálsamo aos olhos.

Tenho por ele um amor que nem mesmo posso explicar, tamanha a afinidade entre nós. Para mim, os cariocas têm um sol que vem de dentro e o Alessandro é a personificação dessa alegria luminosa, dessa liberdade ensolarada e de uma vontade singela de ser uma pessoa melhor. Ele é o máximo do bom na minha opinião. 

Nem preciso dizer, mas falo, a cada oportunidade que tenho, que eu o amo demais. Na redação, nossa relação era de "dupla dinâmica". A doce Camilinha que o diga!! 

Aí que veio a situação do câncer, primeiro pra mim, depois pra ele. Pessoas com muito amor têm disso. Não chamo de doença, porque acredito que não seja. É mesmo uma situação e, mesmo com todas as peripécias individuais que exige, é um período muito lindo de nossas vidas. Afinal, se a gente sonhava tanto com um momento de descanso, taí a atenção ao nosso pedido. 

Eu sofri muito quando ele me contou. Chorei rios, gritei comigo, me revoltei e questionei Deus - eu e Ele (Deus) temos essa intimidade de poder cobrar um do outro nossas necessidades. Questionei sobre o porquê do meu amigo passar por isso. Xinguei o mundo, ofendi uma mãe qualquer, soquei o volante do carro, chorei, chorei, fiquei triste de doer. Alessandro é meu camarada: se ele sente, eu também sinto. Tive a mesma reação quando perdi o Gustavo, há longos nove meses. E ainda dói.

Mas aos poucos vamos dando à vida a compreensão de que ela necessita. A gente fala com ela e ela responde como pode, uma aprendiz como nós.  E se eu passei, ele também consegue. É taurino como eu, nascidos com dois dias de diferença, é de abraços e risos fáceis omo eu, de expressão de amor escrachado, de palavras diretas, de indignação expressiva, de olhar bondoso. Somos mais que parecidos, somos iguais, irmãos de alma e isso muito me orgulha, porque tenho a liberdade de me comparar a quem tanto admiro, o que me faz crer que também sou admirável. 

Em nossa conversa de hoje, dúvidas sobre o que é normal sentir, o que é novidade e o que é a teoria do normal. Vivemos num tempo muito especial: 2012 é um ano místico, nossos dias têm 16 horas (ou quantas forem, mas com certeza menos de 24), nossos sonhos são imediatistas como nós, objetivos desesperados que transformam nossos desejos em um turbilhão interno de impaciência, mas tudo o que buscamos é um pouco mais de paz e que tudo seja leve.    

Minha queridíssima amiga Renata me apresentou uma música que virou hino e sempre toca em minha cabeça quando esse turbilhão toma conta de mim ou quando estou prestes a cair. E embora eu saiba que minha imagem é a de uma mulher forte e decidida, que realmente sou, também sou do tipo que se descobre muito frágil às vezes e tenho sentido ultimamente uma grande necessidade de ficar só, quieta, recolhida, distante.  Não é depressão, é recolhimento, é uma maturidade diferente. Adoro gente, sempre gostei, mas as gentes estão cada vez mais vazias de essência e cheias de si, falta cuidado e intuição. Então, me afasto quando quero mais, porque sei que encontro no meu interior o melhor do que há. O "puro creme".

A música que a Renata me deu, dei pro Alessandro, porque é o que quero dele neste momento. Exijo. Ele tem uma dívida de fé comigo. Ele e a bela Sâmia, sua parceira, minha amiga, mulher charmosa e inteligente, de boas conversas. 

Percebi que ele está sereno, ainda meio perdido com a ocasião, coisa natural, mas tem reforçado sua fé e eu a minha. Temos essa dívida conosco. Essa fé que nos faz imbatíveis, é o que mostra o nosso valor. O momento é aquele que pedimos à vida, meu carioca. Vamos descansar, refletir, transformar-nos, vislumbrar o novo, resplandecer, florescer. Deus dá asas. De que mais precisamos nós, seres livres? Faça seu voo. Estou contigo. Quem compra o passe de entrada em minha vida, é para sempre.  

Um beijo, carioca. Amo vc!


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Vida é colher um novo dia




 "Nosso horizonte é onde vamos estar amanhã." Né? 


Já pensei em escrever algo específico sobre dor de amor, mas ocorreu um erro. A pessoa que a sente, faz isso com tanta eficiência que não precisa de mais nada. A dor de amor nos transforma em maus pacientes, com quem não adianta gastar reza, como diz meu amado doutor agnóstico.

Tenho ouvido muitas histórias, avaliado as minhas próprias sobre o tema e noto quanta gente tenta se proteger inutilmente dessa deliciosa cilada, que todo mundo tenta evitar, mas todos querem vivenciar. Depois de sobreviver a separações, situações de angústias, de novos amores que vêm e vão, de saudade que fica e a gente não sabe o que fazer com ela, muitas vezes não por falta de experiência, mas porque esse é o tipo de coisa que marca, mas como não merece ser lembrada, o cérebro deleta, faz essa escolha por si.

Enfim... dói, mas quando passa é como a dor do parto: só se agradece pelo resultado.
Dor de amor é sinal de vida, agora, saber lidar... amigas... ninguém sabe. É uma vontade louca de mudar tudo, de sumir um pouco, de estacionar no tempo enquanto a vida passa “lá fora”, até que se esteja pronto para voltar. O grande consolo é: dói pra todo mundo. E passa pra todo mundo.

Mas como dói, hein... constante e massacrante. Mas olha só: amor que dói demais, tem que ser só história pra lembrar. Por aprendizado de seleção, acho que temos que amar a quem nos ama, aquela coisa que mãe ensina, gostar de quem gosta da gente.
Mas quando dói muito, quando a gente tá nessa, difícil enxergar. Faz parte de um pedaço da vida, né? Só que é só um pedaço. Tem tantas outras coisas para se ver em todo o tempo!

Fomos brindados com 24 horas de um dia com possibilidades de quatro estações, em que tudo pode acontecer, inclusive uma nova paixão instantânea. Não dá para pular etapas. A gente tem que viver tudo para ter história para contar, para engrossar a pele, viver o momento. Tem que chorar, descabelar-se, rir, se jogar, a gente tem que engrossar mesmo.

Tenha certeza, amiga querida, de que uma dor de amor nunca é igual à outra, só que a gente sobrevive e, ao invés de se amargurar, deve-se optar por ficar cada vez melhor. Faz muita diferença.

Bora resolver isso. Precisamos de vinho e pizza, num final de dia de quarta-feira; de um passeio naquele lugarzinho bucólico sobre a luz da lua azul, dias bons para nós, música alta, de bom astral e palavras certeiras, boas companhias, gargalhadas, choros e desabafos, mini-acessos de raiva.

A gente pode e tem todo o direito de cair e levantar, sem dar ouvidos a comentários de quem não sabe  nada sobre nós, mulheres que acordam cedo para buscar sustento, se mantêm o dia todo sobre saltos e com bocas coloridas de batom, criam filhotes amados e fortes, sobreviventes em um mundo de dúvidas, voltam para casa cansadas, mas não menos lindas, íntegras e amorosas. Cobradas para sermos fortes e mantermos a pose impecável. Certos tipos de violência como estas não nos pervertem, não nos caem como sentença. Dormimos em lençóis claros, com mentes tranquilas. É preciso ser fleumática para receber a novidade do dia seguinte.

E no mais, amiga, a gente sofre de amor todo dia! É da nossa natureza feminina amar  por percepção, pela necessidade de desejar transformar o caos. Não é discurso de miss, não somos impassíveis, não fazemos dor maior da dor dos outros. Pelo menos não a maioria de nós, o que já é mais que o empate.

Não aplacamos um amor de verdade com um novo amor, desvalorizando a felicidade essencial de ter vivenciado essa experiência, mesmo quando ela termina. O grande amor que se vai, fica guardado numa caixinha de jóia, num cantinho especial dentro da gente. Acontece que ninguém é obrigado a gostar ou a continuar gostando de ninguém, realmente, por isso ao outro – ou a nós, por que não? – o direito de ir embora.

Um conselho comum e que por isso é bom: amanhã já é outro dia e coisas maravilhosas acontecem.

Um beijo!

"...existem para você maravilhas que se fossem reveladas, a angústia da espera te sufocaria. Espere o tempo da colheita... mas não permita que seja ceifado de seus braços o direito de ser feliz enquanto espera, por mais doloroso que possa parecer." Bean


sábado, 23 de junho de 2012

De dentro pra fora, de fora pra dentro




O melhor aprendizado que tive por esses tempos foi que é preciso viver com naturalidade, ou seja, deixar a vida fluir naturalmente, sem se preocupar demais, estressar demais, sem deixar doer. Ser natural é saber esperar.
Enquanto se espera, aprendi que é preciso ser gentil. Isso eu já sabia e praticava, mas precisei acordar para exercitar um tipo de gentileza que eu esquecia de ter: aquela de dentro pra dentro, a gentileza com a gente mesmo. 
E daí que nessas duas ou três lições, percebi que quando a gente faz isso, tudo fica mais fácil. E parece que as coisas fluem de uma maneira incrível!
Há uma frase que gosto muito, que chegou até mim há uns anos já, num momento de parada estratégica para pensar sobre o que fazer. Eu a tirei de dentro de um desses biscoitos chineses, ou veio em algum tipo de kinder ovo, nem sei mais. 


"Seja gentil consigo mesmo. 
Deus acha que você vale a bondade Dele. 
E Ele é um bom juiz de caráter."

Nunca mais a esqueci e sempre que começo a sofrer por qualquer coisa, eu penso: seja gentil consigo! 
Quando somos gentis com nossos erros e acertos, a gente se reconhece. Aí, pra isso, cada um tem seu método.O meu é o silêncio... e o sorriso. Quem me conhece sabe: se eu estiver quieta e sorridente, to bem, to limpando aqui dentro, to filtrando, refletindo. To, em geral, em paz. 
Tenho praticado outra coisa também e essa custa mais caro. É a paciência e a admiração por todas as pessoas, mesmo as ignorantes, que falam coisas ignorantes ou te tratam como ignorante. Eu observo a situação, balanço a cabeça, baixo os olhos e concordo quando não vejo alternativa. Espero esfriar. Assim, sou gentil, porque falei, ouvi, calei, refleti e amenizei. Me impus delicadamente. Não preciso gritar, falar melhor ou mais alto pra tentar provar que estou certa. 
Ao outro, resta desculpar-se, pensar, seguir em frente, mudar de assunto ou nenhuma dessas alternativas. Porque cada um tem sua verdade. Para cada caminhante, um caminhar. 
Tudo muda quando a gente se transforma e a mudança vem também da observação das atitudes do outro que a gente admira. 
Duas pessoas encheram meu coração, desses dias passados pra sempre. Willian e Zaza. Vi muito de mim em cada um deles. Muito mesmo. E vi muito nas atitudes deles que eu poderia adotar para fazer bem ao meu ser.
E daí fiquei pensando: a gente é responsável demais por quem cativa, a gente precisa ser cauteloso com as atitudes. Não digo viver em função de nada, não! Falo de aprimorar a consciência.  Quando ajudamos o outro, quando cuidamos da natureza, estamos exercitando isso. Então, temos também que cuidar de nosso jardim particular, podar os danos, regar a alma, tratar as feridas, cuidar bem da gente. Eu estava pensando nisso, nessa necessidade de cuidado com nosso espiritual, quando o Willian me mandou uma música. Não, não... é um hino de amor, uma homenagem ao meu novo jardim.
Acontece cada coisa na vida da gente, né?.... Há alguns meses postei aqui imagens do meu jardim físico, na minha antiga casa. Eu estava feliz com o resultado, depois do processo de cuidado, limpeza, plantio, rega, espera, surpresa. Agora, estou no processo do cuidado do jardim interno, do meu infinito particular, da rua da minha vida, do universo da minha individualidade. "Estou podando meu jardim. Estou cuidando bem de mim." 


Desejo boa colheita a todos. 
Um beijo. 






sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sombra da maldade

Na minha vida, só há uma maneira de falar a verdade: falando; só há uma maneira de praticar a verdade: sendo honesto. Qualquer coisa fora desse padrão, é coisa de gente covarde e os covardes sempre pensam que estão ganhando quando tentam usar as pessoas. 

Mas máscaras não são acessórios fixos, elas caem e é nesse momento que revelam a maldade. 
Quando tiver dificuldade para falar a verdade, aproveite as chances que a outra pessoa te dá para fazer isso. Não minta, porque mentira machuca.

O coração ferido se recupera quando é acompanhado de um bom caráter, porque em geral ele é feliz por natureza. Mesmo que leve tempo. Já a covardia vive às custas de momentos e não prova o todo no interior, que é vazio. 

Deixa estar que a vida cobra. E o que for pra ser, sempre vigora.

O mundo é redondo e a gente sempre, em algum momento, volta ao ponto de partida, nem que seja para passar por ele. E daí, a história, muitas vezes já esquecida, levanta como poeira para nublar as ideias. 

segunda-feira, 28 de maio de 2012

É... esperar...

Hoje, em meio a tantas boas novas, recebi uma notícia triste e quero compartilhá-la, com o  intuito de despertar ao menos nas pessoas que me lêem o sentimento da necessidade de observar o outro com amor verdadeiro. E de saber esperar, ter esperança.
Meu amiguinho Bruno, uma simpatia de apenas 18 anos, cheio de energia e dono de lindos olhos azuis, não terá uma solução médica para seu tratamento de leucemia. A notícia foi dada pela mãe, Teresa, uma mulher marcada pelas dificuldades, mas com uma paciência e carinho nascidos na sabedoria dos bons.
Eu me encontrava com eles quase diariamente nos corredores do Centro de Oncologia do Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba. Nossas conversas alegres, recheadas de piadinhas e risadas, incluindo algumas vezes a participação de nossos enfermeirinhos, anjos iluminados, que não nos poupam de seus abraços.
Na maioria dos encontros, o Bruno carregava sua "bomba" de quimio pelos corredores, porque ficava internado e a terapia durava dias. E eu que achava longa minha espera de cinco horas naquela poltrona (que é confortável), embora nunca tenha reclamado por considerar aquela situação um período especial para mim. Teresa contou que o esforço dele (e o dela, que era sempre presente) não estava surtindo os efeitos esperados pelos médicos.
Moradores num bairro rural de Charqueada,  Teresa e Bruno têm no olhar a simplicidade fotográfica das pessoas sábias, que esperam em Deus a solução para suas aflições. Uma conversa sobre a vida deles é quase que uma lição dentro do exercício de viver das possibilidades. Apesar da humildade do cotidiano, Teresa optou por deixar o trabalho e viver "como dá" para se dedicar ao jovem filho.
E observando isso, pensei que a gente quer tanto da vida, reclama para que o tempo se estenda para darmos conta das necessidades do dia-a-dia, não pode viver sem determinada coisa, expressa o amor para sempre sem a consciência de que todo sentimento requer cuidado pela fragilidade que impõe. A vida é simples demais,  frágil demais, curta demais, valiosa demais.
Debruçada sobre o balcão, Teresa colocou os dedos na boca para esconder o nervosismo ao me falar que estavam voltando pra casa. "Não tem cura", sussurrou, desviando o olhar. Nossos olhos marejaram. Ela segurou; eu desmoronei assim que eles saíram.
Quanta dor a falta de esperança nos impõe. Essa mulher bem conhece. Seu rosto marcado pelas dificuldades e essa fortaleza interior são a prova de que nem tudo precisa ser falado, cada um sabe bem sua jornada individual. Mesmo quando há apoio, a experiência é solitária.
"Teresa, as coisas só acabam quando terminam. Tenha fé e paciência", eu disse. A gente deve viver na certeza da crença.
"O negócio é ter alegria, né, Bruno? A gente acredita em tanta besteira... você acredita em duendes, Bruno?", brinquei. E ele: "eu acredito em Deus,achoque já tá bom". Sim, fé é quando não há espaço para dúvidas. Está suficiente, meu amigo.

domingo, 22 de abril de 2012

It us in the tape!!!




Era uma tarde de sábado e nós, amigas, gastávamos créditos trocando mensagens sobre como cada uma estava se arrumando para ir ao casamento de uma delas. As mensagens, uma mais tonta que a outra, eram muito engraçadas e levavam nossa linguagem, a forma de falar do pequeno grupo  formado por nós quatro, incluindo a noiva. Como dizia nosso amigo Thomas, “toutes les femmes de cette maison ont des noms avec ET” (todas as mulheres desta casa – a casa dele, no caso – tem nomes com E): Viviane, Daniele, Jaqueline e Fabiane. É nosso grupo de PodPowers.
Na conclusão das mensagens, me lembro da Fa escrever, dizendo que a gente ia se divertir muito no casamento: “É isso aí, Dani! It us in the tape”.
It us in the tape!!! Que fantástico poder brincar com as palavras e ser compreendido. Que fantástico é ter bons amigos, escolher e ser escolhido por eles.
As boas  amizades são uma escolha da afinidade, que se acomodam depois confortavelmente no coração. Estive pensando sobre contar amigos nos dedos e me sinto privilegiada, pois me faltam dedos.
Tenho amigos engraçadíssimos, dramáticos, bêbados demais, sóbrios demais, intelectuais, deliciosamente fúteis, simples,  polidos, grotescos, delicados... tenho um universo de gente  maravilhosa por perto. Bom, nem sempre tão perto, mas o fato de surgirem de vez em quando com a típica pergunta “como vc tá?”, é muito gostoso. É reconfortante.
Me parece que em junho tem uma data específica em que se  comemora o dia do amigo. Eu comemoro meus amigos todos os dias! Reservo a eles meu melhor abraço, forte, caloroso, fofinho; meu ombro para rir, chorar, dormir na volta do show; meu beijo carinhoso para selar a verdade do meu sentimento;  minha palavra bem pensada, a mal pensada algumas vezes; meu olhar  de “já entendi” ou “vamos arriscar?” ou “deixa pra lá” ou “adorei isso”, às vezes seguido de uma piscadela espertinha, com aquele meio sorriso de Monalisa e um aceno positivo com a cabeça. É o sinal de “estamos juntos nessa”.
Procuro ser sempre uma companhia agradável. Uma amiga, a Ude, diz que mesmo em meio à tanta turbulência, tenho a capacidade de rir e de enfrentar as situações com otimismo.  
Tem uma citação do escritor britânico G.K.Chesterton que diz assim: “Os anjos podem voar porque carregam a luz”. Não sou um anjo, mas aí eu disse a Ude que sou otimista mesmo porque acredito que a vida é um presente, não dá para abrir mão do esforço que Deus dispende todo dia para nos manter aqui. Ele tem muito trabalho para cuidar de todo mundo.
Então, mesmo quando tenho vontade de desistir, e isso acontece muitas vezes –muitas vezes! -, penso que é melhor deixar de ser egoísta e ingrata com tanto amor.  Amor a gente não rejeita.
Temos o poder de materializar desejos, que se fortalecem quando não estamos sozinhos.  Estou bastante sozinha ultimamente, porque em alguns momentos isso é necessário. Mas sei que tenho muita gente que me ouviria se eu gritasse, tenho amigos da melhor qualidade. E agradeço pela vida de cada um deles. 

quarta-feira, 18 de abril de 2012

"Escolha a Felicidade" - Quer convite melhor?



Ser feliz é uma escolha individual. Não se pode decidir pelos outros. O pensamento que traz o problema, também traz a solução, afirmou Einstein (me disseram, mas eu não estava lá), e é preciso dar voz a nossa percepção para que o que desejamos flua, para que nossa escolha de sermos felizes seja legítima. 

Use seu filtro de consciência e tenha responsabilidade com seus sentimentos, suas ações e sua vida. O que eu desejo, o que eu faço, o que eu como, onde eu caminho, a via que eu prefiro, são minhas escolhas e determinam minhas reações perante a vida. 

A escolha por você não pode começar na segunda-feira. A gente deve tomar agora o controle das próprias  emoções e se conscientizar que só é possível ter o controle sobre os próprios atos, sobre os próprios hábitos. 

Mas não deixe de respeitar os outros. A sua realidade é diferente da verdade do outro, do que ele pensa, do que ele acredita, pois cada um de nós é feito de uma cultura, de uma sensação, da vivência em um lugar diferente, de relações com pessoas diferentes que nos ensinam o tempo todo. 

Não julgue. Prometa isso a si a partir de hoje: não julgue mais. Nem todo mundo é como a gente é, nem todo mundo é como a gente quer, somos nós que atribuímos significado às coisas de acordo com nossas experiências e é por isso que se precisa ter cuidado para não gerar mágoa. 

Como querer mudar alguém se a gente não consegue mudar a si? Não consegue parar de fumar, não se atreve a comer jiló pra conferir se é ruim mesmo, não respeita que o outro goste daquele ritmo de música que "fere" seus sensíveis ouvidos, tem vontade de socar alguém quando não faz o que queremos.

Talvez tolerar seja o caminho, mas não é uma questão de tolerar, é de aceitar. Porque quando a gente aceita, se livra da preocupação que o peso daquele pensamento provoca. Amor verdadeiro implica em respeito e aceitação  

Se quer ser líder da sua vida, use sua inteligência a seu favor. Comece a mudança por você e que seja hoje o dia da decisão. Não esmoreça amanhã! Se fortaleça, segure o controle. Aceite, respeite, ame. Um verdadeiro líder é, invariavelmente, humilde. 

Abraço forte!.

*Obrigada, Renata, minha amiga, meu anjo de amor e amizade. 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Dani's Garden


Este é o meu jardim! Até o Sol ilumina na medida!

Há uns 40 dias, minha mãe jogou sementes de papaya no meu jardim. Depois de dois anos morando nessa casa, só recentemente tive tempo de plantar e dar a esse espaço verde sua devida atenção.  Quando me mudei, todo o entulho da reforma interna havia sido jogado no espaço de 1,50m x 3m, que parecia não ter solução. Removi o entulho e descobri uma roseira branca sufocada em meio aos escombros. 
Com uma enxada, revirei toda a terra, arranquei o mato e também a roseira, com a intenção de plantá-la em outro lugar, mas ela não resistiu e morreu. Sobe a terra remexida, retalhos de azulejos, madeira, sujeira. Tirei tudo e resolvi deixar a terra descansar e a natureza fazer sua parte na recuperação.
O cheiro de coisa velha e molhada entrou por dias pela janela da minha sala. Até que, um dia, notei a grama voltando a  crescer e acredito que, embora o mato seja considerado ruim, ele é a prova de que aquela terra é boa. 
Dito e feito. Dei um tempo e permiti que o matagal tomasse conta do pretenso jardinzinho. Até mesmo plantas medicinais cresceram ali. Foram várias podas de mato até que, ao remexer novamente a terra, descobri que quem estava dando uma mãozinha para adubá-la era uma família de minhocas!!! Quando eu era criança costumava transformar as minhocas em bonecas quando brincava no quintal de casa. São molinhas, geladas e muito limpas.
Bem... se tem minhocas, o lugar está perfeito!!!! Depois do plantio, da perda de diversas mudas que não vingaram, da troca de quase todas as plantas e do aprendizado sobre como fazer direito, já se passaram quase seis meses e noto que as mudas que ficaram são agora definitivas. 
Há um pé de jasmim, um de romã, três folhagens diferentes, plantei ainda uma roseira branca - in memoriam da que se foi - e, pasmem como eu, percebi ontem, ao fazer a limpeza, que em breve terei não um, mas logo dois pés de mamão e bem no abrigo de casa!!! Fruto daquelas sementes que minha mãe simplesmente jogou à terra, como fazem os passarinhos. 
A roseirinha já me presenteou, no começo desta semana, com sua primeira pequena e singela rosinha, que encantaria até o Pequeno Príncipe. O jasmim ficou longe da janela da sala, mas próximo ao portão, para perfumar a passagem das pessoas pela minha casa. 
Rosas brancas e jasmins agora no outono/ inverno; mamão e romã devem chegar até o fim deste ano. Faltam orquídeas, girassóis e crisântemos, que amo tanto, além de uma roseira imensa com rosas vermelhas iguais às da Rainha de Copas do País das Maravilhas... mas todas estão junto com os planos que já concretizo em minha nova casa, onde começarei uma nova fase de vida, deixando para trás o lindo jardim que cultivei e levando comigo o aprendizado dessa experiência e as boas lembranças que esse endereço me proporcionou.
Observando a natureza, a gente pode refletir sobre a vida: é preciso plantar o que se deseja, cuidar das coisas boas, eliminar o que não serve e cultivar a paciência e o amor para ter um resultado feliz. 
Meu jardim está cada dia mais lindo!... 

Um beijo... e muitas flores pra vc!!


Minha morada é meu templo. Sejam bem-vindas a esta casa, pessoas do bem

Este pequeno botão branco é a rosinha

Olha o mamão papaya aí, gente!!!

O jardinzinho, visto por outro ângulo 
(Detalhe: os vasos estão sobre pedras "amebóides", feitas por meu amigo Thomas Burtscher)

Vista panorâmica do Dani's Garden