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terça-feira, 6 de outubro de 2015

Quando a gente quer muito uma pessoa





Adorei esse post, mas não acho que é possível generalizar. Nem sempre a gente se engana e conheço muitas boas histórias de amor, eu mesma vivi algumas, sendo uma excelente, que me rendeu uma bela filha. Mas que a gente clama ao universo que o outro seja perfeito como desejamos, isso é verdade!
E como saber inicialmente se vamos ou não nos enganar? Penso que é preciso arriscar, tentar e até sofrer e desejar que o outro se encaixe um pouco mais no que a gente quer para conferir se cabe ou não essa tarefa na nossa vida. Amar é uma atividade de risco, mas os corajosos são mais felizes porque conhecem todos os lados da aventura. 
Outro dia li no Facebook um post engraçado, em que o rapaz dizia que se o relacionamento dele não desse certo, ele optaria por ser gay, porque prefere tomar no cu várias vezes a sofrer por amor mais uma vez... rsrs. 
Não me acho romântica (embora a Cássia, a Renata e a Raíssa me "obriguem" a rever esse conceito), mas não deixaria de arriscar, mesmo acreditando que o amor não é um sentimento tão honesto, é manipulável, confundível, diferente do ódio, que não deixa dúvida. E, assim, com a determinação de uma corajosa, estou tentando e, dessa vez, o caminho tem sido de mão dupla... pelo menos por enquanto. A alternativa X é acreditar. 

Um beijo e muito amor para quem for!

Dani

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Quem somos para decidirmos sobre o direito do outro em amar?



Há dois dias venho refletindo sobre um excelente documentário que vi pela GNT, com o ator britânico Stephen Fry, chamado A Luta Gay pelo Mundo. Relatos fantásticos de gente impedida de simplesmente AMAR, vitimadas pela homofobia e pelo desequilíbrio de quem pratica o preconceito por medo do que lhe é diferente.
Logo no início do documentário, Fry mostra um dos maiores movimentos mundiais contra a homofobia: a Parada Gay em São Paulo, um exemplo brasileiro de evolução na aceitação do ser humano em sua diversidade. Aliás, São Paulo é um parabéns, maravilhosa na recepção de todo tipo de gente!
Na contramão, depois de mostrar esse lado do Brasil, Fry segura o vômito para entrevistar o deputado Jair Bolsonaro, que ele identifica como "um dos maiores homofóbicos DO MUNDO". Um contra-senso na evolução brasileira em relação ao combate ao preconceito, afirmação que se torna questionável diante das estatísticas que apontam para a morte de um homossexual a cada 36 horas.
Uma das falas de Bolsonaro "comemora" o fato do Brasil não agir como o Irã, onde assumir a homossexualidade é assinar a pena de morte por enforcamento, uma ação que assinala, para mim, a mais pura forma de calar alguém, sufocando qualquer perspectiva, sua fala, seus sentimentos, seu caráter, suas convicções.
A afirmação do deputado brasileiro é bastante perigosa. Quem aceita o mal pela metade, ainda assim é mal. A partir desse parâmetro, não posso aceitar que ele seja menos pior que os terríveis pastores homofóbicos da África, irredutíveis em suas defesas de uma sociedade ilibada, distinta da mácula de homossexuais, que permitem o estupro de meninas, de crianças lésbicas, para mostrar a elas como é que se brinca com... homens??? Homens que usam a religião - palavra que traduz a ligação com Deus - para determinar quem é um filho divino e quem não é digno de uma vida sem terror.
Este vídeo mostra um trecho do documentário, no Brasil, com entrevista com Angélica Ivo, mãe do Alexandre Ivo, menino de 14 anos torturado por duas horas infinitas e morto no Rio em 2010, por aparentar ser gay. APARENTAR!!! Uma criança brasileira, que poderia ser meu filho. Como mãe, mulher e humana, choro pela dor dessa e de tantas mães como Angélica.
Nós somos monstros em condição educativa: é preciso educar nosso interior para as boas atitudes, refletir muito sobre as próprias ações antes de agir, equilibrar os pensamentos em direção a uma conduta de amor concreto e respeito pela história que cada um carrega. NÃO HÁ outro caminho. Não há!
Vale a pena ver o documentário todo.

Paz pra que a gente se proponha a pensar com o cérebro e coloque em funcionamento o coração.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Auguri, Nicolas!!


O pai do Nicolas, aos 8 a.
Certamente o grande momento da vida de uma pessoa é o nascimento de um filho. Não existe outro maior, não há amor mais surpreendente e insuperável. Ainda hoje, 20 anos depois, me emociono ao lembrar perfeitamente das curvinhas de minha Mariana, da imensidão daquele ser de 51 cm e 3.700 kg, gorduchinha, de cabecinha redondinha, cabelinhos e olhos escuros, chorinho com um bico lindo, pronto pra mamar um monte! Seu primeiro olhar em minha direção agarrou sutilmente minha alma para sempre. 
E hoje, ao ouvir o chorinho de meu sobrinho Nicolas, tive aquela sensação de sair do corpo de tanta felicidade. O choro é a primeira manifestação de comunicação do ser humano. Meu gigante de 49 cm, um  reizinho como seu pai, dono de meu coração e de meu grande amor. 
Quando meu irmão nasceu, eu tinha 4 para 5 anos. Mas me lembro. Era meu boneco, o primeiro de meus três amados irmãos. Meu Fabinho sempre foi lindíssimo, dono de lindos olhos que minha filha também herdou, cachinhos dourados, sorriso largo, dentinhos pequenos, voz rouca e doce, mãozinhas gordas, personalidade forte, decidida... aquariano (e daí que não precisa dizer mais nada).
Dava trabalho, porque só dormia depois de passear de carro e, para todo lugar onde íamos, tínhamos que levar aquele saco de bolas de plástico que ele não largava. Sempre fomos mimados por nossos carinhosos pais, que também foram rígidos. O Fabinho aprontava muito e quando levava umas chineladas, quem chorava era eu, pois não queria que "maltratassem" meu irmãozinho.
Muitas coisas me deixaram orgulhosa dele ao longo da vida, mas eu adorei quando fomos pra faculdade juntos, principalmente porque sua escolha foi pela área de Comunicação, que eu, pretensiosamente, acho que foi por influência minha.
Tornou-se um homem lindo em todos os sentidos: bom, honesto, batalhador, inteligente, divertido; às vezes é chato, muito crítico e dono da verdade, mas ainda detentor da minha grande admiração, porque seus defeitos não superam sua amorosidade por quem o rodeia. Em especial, seu cuidado e amor por minha Mariana, que já seria o suficiente para que ele tivesse meu respeito. "Quem minha filha beija, minha boca adoça", segundo um ditado árabe que uso bastante.
Bem, estou muito feliz, já disse. A chegada do Nicolas retoma pra mim uma lembrança linda de meu irmão. E feliz porque, como se já não bastasse ter minha cunhada Veridiana como uma querida irmã - espero que meu sobrinho herde dela mais do que qualquer traço físico, mas a simpatia e o bom humor que me conquistaram. Mais do que uma irmã, ela é a brilhante mãe de nosso reizinho, a linda mulher que carregará meu coração, minha fidelidade como amiga e minha gratidão pela alegria que está promovendo em minha vida.
Meu sobrinho é muito fofo. Rosadinho, saudável, parece bonzinho, graças a Deus. Esse italianinho vem renovar nossas vidas, nossa visão sobre a importância e o valor da família. Estamos em festa, porque o mundo hoje se renovou para nós. Meu primeiro post deste ano, vem cheio da alegria desse nascimento. 

Tanti auguri, Nicolas Giovannetti Ricci. 
Grazie mille. 

Baccio. 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Date a girl who reads


"Namorei" esse texto do início ao fim. Como leitora compulsiva, de Barsa a folheto de mercadinho, digamos que esse espaço cedido a ele em meu blog pode parecer algo como legislar em causa própria. Não é propaganda, estamos cheios delas neste período de eleições, mas é quase uma defesa das mulheres leitoras: sou uma nerd moderninha, a descolada certinha, embora distante (Grazie Dio!) de puritana. 
Como canta a Rita, eu, assim como a Pagu, "não sou freira, nem sou puta". Sou leitora. Leio três livros ao mesmo tempo para conseguir segurar minha atenção em pelo menos um, desisto dos três se me dá vontade, paro e volto, concluo e posso recomeçar o mesmo livro para degustar de novo.
Livros são obras de arte. Precisam ser contemplados. E o que mais me intriga é a ousadia do autor, a coragem de arriscar a oferecer um pedaço tão grande de si aos outros. 
Ler é como fazer amor: tocar, sentir a textura, o cheiro, buscar a melhor forma de se acomodar naquele instante, apreciar, sentir, tomar posse por alguns momentos, apaixonar-se, ser único, deslizar, virar a página para continuar a história. 
E, a não ser pelos propósitos que os estudos freudianos poderiam talvez esclarecer, "namorar" uma mulher que lê (e sabe interpretar, o que infelizmente nem todo mundo sabe) é dispor-se a um universo muitas vezes mais interessante até que o próprio livro. Basta fazer boa leitura. Beijos meus... 





"Namore uma garota que lê"


Rosemarie Urquico



Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.
Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.
Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criado pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro.
Compre para ela outra xícara de café. 
Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gostaria de ser a Alice.
É fácil namorar uma garota que lê. 
Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, E. E. Cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade, mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.
É que ela tem que arriscar, de alguma forma.
Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois.
Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem.
Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.
Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.
Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.
Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.
Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve."


domingo, 9 de setembro de 2012

Conversinha necessária pra aceitar as coisas como são


Não é como uma onda que apaga o que a gente escreveu na areia...

Hoje fui buscar em um texto primoroso do português  Miguel Esteves Cardoso, as palavras que conversaram melhor com meu coração. E as achei perfeitas,por isso compartilho com vocês. Na verdade, eu não as busquei. Eu busquei minha amiga Fabiane e ela me deu esse Miguel. Providencial. Meu coração oscila entre paciente e imediatista, quer amar, mas quer esquecer, sente-se emocionalmente feliz, mas realista demais, não consegue um equilíbrio, parece que perdeu a adolescência da loucura das realizações, sem ligar que sejam efêmeras. Parece um velho com medo de sofrer. Parece estar perdendo a malemolência de conquistador. Pare com isso, coração! Não subestime o lugar em que você vive.


Como esquecer (e nunca esquecer...)


Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa, como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já não está lá?

As pessoas têm de morrer, os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece?

Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas!

É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou de coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso primeiro aceitar.

É preciso aceitar esta mágoa, esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados, se tivessem apenas o peso que têm em si: isto é, se os livrássemos da carga que lhe damos, aceitando que não tem solução. Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença do que se padeceu. Muitas vezes só existe a agulha.

Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.

O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças, na esperança de ele se cansar.

Porque é que é sempre nos momentos em que estamos mais cansados ou mais felizes que sentimos mais a falta das pessoas de quem amamos? O cansaço faz-nos precisar delas. Quando estamos assim, mais ninguém consegue tomar conta de nós. O cansaço é uma coisa que só o amor compreende. A minha mãe. O meu amor. E a felicidade faz-nos sentir pena e culpa de não a podermos partilhar. É por estarmos de uma forma ou de outra sozinhos que a saudade é maior.

As pessoas nunca deveriam morrer, nem deixarem de se amar, nem separar-se, nem esquecer-se, mas morrem e deixam e separam-se e esquecem-se. Custa aceitar que os mais velhos, que nos deram vida, tenham de dar a vida para poderem continuar vivos dentro de nós. Mas é preciso aceitar. É preciso aceitar. É preciso sofrer, dar urros, murros na mesa, não perceber. E aceitar. Se as pessoas amadas fossem imortais perderíamos o coração. Perderíamos a religiosidade, a paciência, a humanidade até.

Há uma presença interior, uma continuação em nós de quem desapareceu, que se ressente do confronto com a presença exterior. É por isso que nunca se deve voltar a um sítio onde se tenha sido feliz. Todas as cidades se tornam realmente feias, fisicamente piores, à medida que se enraízam e alindam na memória que guardamos delas no coração. Regressar é fazer mal ao que se guardou.

Uma saudade cuida-se. Nos casos mais tristes separa-se da pessoa que a causou. Continuar com ela, ou apenas vê-la pode desfazer e destruir a beleza do sentimento. As pessoas que se amam mas não se dão bem, só conseguem amar-se bem quando não se dão. Mas como esquecer? Como deixar acabar aquela dor? É preciso paciência. É preciso sofrer. É preciso aguentar.

Há grandeza no sofrimento. Sofrer é respeitar o tamanho que teve um amor. No meio do remoinho de erros que nos revolve as entranhas de raiva, do ressentimento, do rancor temos de encontrar a raiz daquela paixão, a razão original daquele amor.

Para esquecer uma pessoa não há vias rápidas, não há suplentes, não há calmantes, ilhas das Caraíbas, livros de poesia - só há lembrança, dor e lentidão, com uns breves intervalos pelo meio para retomar fôlego. Esta dor tem de ser aguentada e bem sofrida com paciência e fortaleza. Ir a correr para debaixo das saias de quem for é uma reacção natural, mas não serve de nada e faz pouco de nós próprios.

A mágoa é um estado natural. Tem o seu tempo e o seu estilo. Tem até uma estranha beleza. Nós somos feitos para aguentar com ela.

Podemos arranjar as maneiras que quisermos de odiar quem amamos, de nos vingarmos delas, de nos pormos a milhas, de lhe pormos os cornos, de lhe compormos redondilhas, mas tudo isso não tem mal. Nem faz bem nenhum. Tudo isso conta como lembrança, tudo isso conta como uma saudade contrariada, enraivecida, embaraçada por ter sido apanhada na via pública, como um bicho preto e feio, um parasita de coração, uma peste inexterminável barata esperneante: uma saudade de pernas para o ar.

O que é preciso é igualar a intensidade do amor a quem se ama e a quem se perdeu. Para esquecer é preciso dar algo em troca. Os grandes esquecimentos saem sempre caros. É preciso dar algo em troca. Os grandes esquecimentos saem sempre caros. É preciso dar tempo, dar dor, dar com a cabeça na parede, dar sangue, dar um pedacinho de carne.

E mesmo assim, mesmo magoado, mesmo sofrendo, mesmo conseguindo guardar na alma o que os braços já não conseguem agarrar, mesmo esperando, mesmo aguentando como um homem, mesmo passando os dias vestida de preto, aos soluços, dobrada sobre a areia de Nazaré, mesmo com muita paciência e muita má vontade, mesmo assim é possível que não se consiga esquecer nem um bocadinho.

Quanto mais fácil amar e lembrar alguém - –uma mãe, um filho, um amigo, um grande amor –- mais fácil deixar de amá-lo e esquecê-lo.

Raio de sorte, ó lindeza, miséria suprema do amor. Pode esquecer-se quem nos vem à lembrança, aqueles de quem nos lembramos de vez em quando, com dor ou alegria, tanto faz, com tempo e paciência, aqueles que amamos com paciência, aqueles que amamos sinceramente, que partiram, que nos deixaram, vazios de mãos e cheios de saudades, esses doem-se e depois esquecem-se mais ou menos bem.

E quando alguém está sempre presente?

Quando é tarde. Quando já não se aguenta mais. Quando já é tarde para voltar atrás, percebe-se que há esquecimentos tão caros que nunca se podem pagar.

Como é que se pode esquecer o que só se consegue lembrar?
Aí está o sofrimento maior de todos. O luto verdadeiro.
Aí está a maior das felicidades.

Um beijo! 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Vida é colher um novo dia




 "Nosso horizonte é onde vamos estar amanhã." Né? 


Já pensei em escrever algo específico sobre dor de amor, mas ocorreu um erro. A pessoa que a sente, faz isso com tanta eficiência que não precisa de mais nada. A dor de amor nos transforma em maus pacientes, com quem não adianta gastar reza, como diz meu amado doutor agnóstico.

Tenho ouvido muitas histórias, avaliado as minhas próprias sobre o tema e noto quanta gente tenta se proteger inutilmente dessa deliciosa cilada, que todo mundo tenta evitar, mas todos querem vivenciar. Depois de sobreviver a separações, situações de angústias, de novos amores que vêm e vão, de saudade que fica e a gente não sabe o que fazer com ela, muitas vezes não por falta de experiência, mas porque esse é o tipo de coisa que marca, mas como não merece ser lembrada, o cérebro deleta, faz essa escolha por si.

Enfim... dói, mas quando passa é como a dor do parto: só se agradece pelo resultado.
Dor de amor é sinal de vida, agora, saber lidar... amigas... ninguém sabe. É uma vontade louca de mudar tudo, de sumir um pouco, de estacionar no tempo enquanto a vida passa “lá fora”, até que se esteja pronto para voltar. O grande consolo é: dói pra todo mundo. E passa pra todo mundo.

Mas como dói, hein... constante e massacrante. Mas olha só: amor que dói demais, tem que ser só história pra lembrar. Por aprendizado de seleção, acho que temos que amar a quem nos ama, aquela coisa que mãe ensina, gostar de quem gosta da gente.
Mas quando dói muito, quando a gente tá nessa, difícil enxergar. Faz parte de um pedaço da vida, né? Só que é só um pedaço. Tem tantas outras coisas para se ver em todo o tempo!

Fomos brindados com 24 horas de um dia com possibilidades de quatro estações, em que tudo pode acontecer, inclusive uma nova paixão instantânea. Não dá para pular etapas. A gente tem que viver tudo para ter história para contar, para engrossar a pele, viver o momento. Tem que chorar, descabelar-se, rir, se jogar, a gente tem que engrossar mesmo.

Tenha certeza, amiga querida, de que uma dor de amor nunca é igual à outra, só que a gente sobrevive e, ao invés de se amargurar, deve-se optar por ficar cada vez melhor. Faz muita diferença.

Bora resolver isso. Precisamos de vinho e pizza, num final de dia de quarta-feira; de um passeio naquele lugarzinho bucólico sobre a luz da lua azul, dias bons para nós, música alta, de bom astral e palavras certeiras, boas companhias, gargalhadas, choros e desabafos, mini-acessos de raiva.

A gente pode e tem todo o direito de cair e levantar, sem dar ouvidos a comentários de quem não sabe  nada sobre nós, mulheres que acordam cedo para buscar sustento, se mantêm o dia todo sobre saltos e com bocas coloridas de batom, criam filhotes amados e fortes, sobreviventes em um mundo de dúvidas, voltam para casa cansadas, mas não menos lindas, íntegras e amorosas. Cobradas para sermos fortes e mantermos a pose impecável. Certos tipos de violência como estas não nos pervertem, não nos caem como sentença. Dormimos em lençóis claros, com mentes tranquilas. É preciso ser fleumática para receber a novidade do dia seguinte.

E no mais, amiga, a gente sofre de amor todo dia! É da nossa natureza feminina amar  por percepção, pela necessidade de desejar transformar o caos. Não é discurso de miss, não somos impassíveis, não fazemos dor maior da dor dos outros. Pelo menos não a maioria de nós, o que já é mais que o empate.

Não aplacamos um amor de verdade com um novo amor, desvalorizando a felicidade essencial de ter vivenciado essa experiência, mesmo quando ela termina. O grande amor que se vai, fica guardado numa caixinha de jóia, num cantinho especial dentro da gente. Acontece que ninguém é obrigado a gostar ou a continuar gostando de ninguém, realmente, por isso ao outro – ou a nós, por que não? – o direito de ir embora.

Um conselho comum e que por isso é bom: amanhã já é outro dia e coisas maravilhosas acontecem.

Um beijo!

"...existem para você maravilhas que se fossem reveladas, a angústia da espera te sufocaria. Espere o tempo da colheita... mas não permita que seja ceifado de seus braços o direito de ser feliz enquanto espera, por mais doloroso que possa parecer." Bean


segunda-feira, 28 de maio de 2012

É... esperar...

Hoje, em meio a tantas boas novas, recebi uma notícia triste e quero compartilhá-la, com o  intuito de despertar ao menos nas pessoas que me lêem o sentimento da necessidade de observar o outro com amor verdadeiro. E de saber esperar, ter esperança.
Meu amiguinho Bruno, uma simpatia de apenas 18 anos, cheio de energia e dono de lindos olhos azuis, não terá uma solução médica para seu tratamento de leucemia. A notícia foi dada pela mãe, Teresa, uma mulher marcada pelas dificuldades, mas com uma paciência e carinho nascidos na sabedoria dos bons.
Eu me encontrava com eles quase diariamente nos corredores do Centro de Oncologia do Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba. Nossas conversas alegres, recheadas de piadinhas e risadas, incluindo algumas vezes a participação de nossos enfermeirinhos, anjos iluminados, que não nos poupam de seus abraços.
Na maioria dos encontros, o Bruno carregava sua "bomba" de quimio pelos corredores, porque ficava internado e a terapia durava dias. E eu que achava longa minha espera de cinco horas naquela poltrona (que é confortável), embora nunca tenha reclamado por considerar aquela situação um período especial para mim. Teresa contou que o esforço dele (e o dela, que era sempre presente) não estava surtindo os efeitos esperados pelos médicos.
Moradores num bairro rural de Charqueada,  Teresa e Bruno têm no olhar a simplicidade fotográfica das pessoas sábias, que esperam em Deus a solução para suas aflições. Uma conversa sobre a vida deles é quase que uma lição dentro do exercício de viver das possibilidades. Apesar da humildade do cotidiano, Teresa optou por deixar o trabalho e viver "como dá" para se dedicar ao jovem filho.
E observando isso, pensei que a gente quer tanto da vida, reclama para que o tempo se estenda para darmos conta das necessidades do dia-a-dia, não pode viver sem determinada coisa, expressa o amor para sempre sem a consciência de que todo sentimento requer cuidado pela fragilidade que impõe. A vida é simples demais,  frágil demais, curta demais, valiosa demais.
Debruçada sobre o balcão, Teresa colocou os dedos na boca para esconder o nervosismo ao me falar que estavam voltando pra casa. "Não tem cura", sussurrou, desviando o olhar. Nossos olhos marejaram. Ela segurou; eu desmoronei assim que eles saíram.
Quanta dor a falta de esperança nos impõe. Essa mulher bem conhece. Seu rosto marcado pelas dificuldades e essa fortaleza interior são a prova de que nem tudo precisa ser falado, cada um sabe bem sua jornada individual. Mesmo quando há apoio, a experiência é solitária.
"Teresa, as coisas só acabam quando terminam. Tenha fé e paciência", eu disse. A gente deve viver na certeza da crença.
"O negócio é ter alegria, né, Bruno? A gente acredita em tanta besteira... você acredita em duendes, Bruno?", brinquei. E ele: "eu acredito em Deus,achoque já tá bom". Sim, fé é quando não há espaço para dúvidas. Está suficiente, meu amigo.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Vida grita dentro de mim



Hoje, dia 12, chego à metade das seis sessões de quimioterapia, desta primeira das três fases do tratamento preventivo. Só quem está mesmo muito próximo para saber o quanto esse período de 135 dias tem sido inacreditável, movido por descobertas.

Minha vida tem sido abençoada de gente, de coisas boas, de mudanças que tento  aceitar usando a sensibilidade de quem quer fazer tentativas. As experiências são benditas.

Até aqui, foi como se eu tivesse ganhado um anjo guardião que irá morar para sempre em minha alma para tornar as coisas mais leves. Ele, me fez reaprender a sonhar, a ouvir a música do passado apenas com o sabor das boas lembranças e seguir em frente com coragem e a amar a mulher bonita e interessante que despertou nessa fase da vida.

Pois bem, agora o anjo passou a ser eu. Porque a primeira impressão de minha vida ao acordar é minha, depois de uma noite bem dormida sob a luz de uma lua que é igual para todos, em paz com minha consciência e com a verdade do meu coração. As escolhas vêm da conversa com meu íntimo, o conhecimento que adiro é único, já que somente eu posso senti-lo depois de experiências e experimentos.

Assim, a partir dessa nova percepção, pude provar a verdade no olhar de meus outros anjos: um amor desejado, bons amigos sempre esperados e a família importante e adequada, que se mostram cada dia mais significativos.

É muito boa a sensação de serenidade. Isso também faz parte da minha redefinição de postura e sobre o que quer dizer praticar a paciência como um dos maiores poderes pessoais. Leva ao encontro do equilíbrio, mesmo quando a situação é de uma perda lamentável ou, mais, quando o fim chega sem despedida, abrupta e cruelmente.

Só peço aos que amo imensamente: tenham cautela com meus sentimentos e respeitem minhas necessidades. Eu não vou deixar de cuidar de tudo o que posso, não por carência, possessividade ou controle, mas porque isso está em minha essência. Agora, porém, por diversas razões, sou eu quem precisa ser cuidada. É o que quero e tenho recebido à medida da capacidade de quem está.

Obrigada a todo mundo. A metade de um todo já é um inteiro, porque o iniciar é uma experiência que exige somar no nosso ser divino a coragem e a sabedoria.

“Hoje eu vou mudar, pôr na balança a coragem, me entregar ao que acredito, para ser o que sou sem medo... Sair de dentro de mim e não usar somente o coração, parar de cobrar os fracassos, soltar os laços – 'dar linha na pipa mais uma vez' - e prender as amarras da razão! Voar livre com todos os meus defeitos, para que eu possa libertar os meus direitos e não cobrar dessa vida nem rumos e nem decisões. Hoje eu preciso e vou mudar! Dividir no tempo e somar no vento todas as coisas que um dia sonhei conquistar. Porque sou mulher como qualquer uma, com dúvidas e soluções, com erros e acertos, amor e desamor. Suave como a gaivota e ferina como a leoa, tranquila e pacificadora, mas ao mesmo tempo irreverente e revolucionária. Feliz e infeliz, realista e sonhadora, submissa por condição, mas independente por opinião. Porque sou mulher com todas as incoerências que fazem de nós um forte sexo fraco.”


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Por obséquio, dá uma chance a esse cupido?





Amar é jogar-se! Certamente quem já amou sabe o significado desse termo. Não é apenas expressar palavras que saem facilmente dos lábios. Porque falar é fácil. O "eu te amo" vem de dentro, deve ser respeitado e valorizado. Quando alguém gosta realmente de você... poxa vida!!! Essa pessoa fez uma escolha e foi por você!!! Não vale dizer que não vale a pena, não vale dizer que não serve, mesmo que você  não sinta o mesmo. 
Pessoas não são pedaços de pau, sem vida. Sentir é concreto sim, não importa a distância, não interessam os obstáculos, a gente não se apaixona por uma cicatriz ou por um par de olhos. Amar é quando se almeja o ser completo, com suas imperfeições, com seus defeitos, limitações. É assumir o risco, porque muitas vezes ele ocorre apenas em  mão única de direção. E daí? Não foi sua escolha? 
Que tipo de gente é essa que tem medo de sentir por receio de não ser correspondida, de sofrer depois? Amar é arriscar, como viver, como sair de casa! Você pode ser correspondido ou não, pode sofrer depois ou durante ou por um longo período de tempo se não for compreendido, mas uma hora passa, tem que passar. A dor nunca é eterna, mas a lembrança é. Fica com as boas lembranças, opta por elas, pra que se martirizar com o que não foi bom, martelar até morrer de tédio e antipatia? 
Por vezes, a lembrança deixa marcas na personalidade, faz com que a gente pense em se arriscar menos e tenha a certeza de que vai errar menos... mas aí você conhece aquela pessoa especial e... pimba!!! Se apaixona de novo, se amarra, se enrola até os cotovelos, se entrega, vive a vida, renova o ar, recupera o coração, esquece a ferida e, quando vê, já era! Recomeça a aventura de ser feliz na expectativa que o outro te deseje, te valorize, te queira, te ame também. 
Amar é certeza, não se ama com espaço às dúvidas. A gente se entrega, mesmo que no futuro haja juros e dividendos, cobranças indevidas... mas relacionamentos são assim: acertos de contas, ajustes de condutas, renovação de caráter, sintonia viva, coloração da alma. Essa história de pega, mas não se apega, só pra quem está vazio. Então, vai se preencher! Pega, se apega, pega de novo, fica mais, vem pra perto, tão gostosinho, evolui nisso. Por que não?
Que medo é esse de receber o que o outro está te dando de bom? Aliás, o que o outro está te dando do melhor dele, porque amor não vem do coração, vem da mente, ganha a aprovação dela pra depois sentir no peito. 
E é tão bom amar e ser amado!! Saber que daqui do Alaska  tem alguém pensando em você, tomando atitudes que remetem à sua memória, durante todo o seu dia, mesmo que a outra pessoa esteja lá na Guiné!! Quantos quilômetros são suficientes para se dizer que ainda  é possível sentir algo por alguém e a partir de quantos quilômetros esse sentimento deve ser eliminado, execrado, partido ao meio, estrangulado?
Abomino quem não se propõe a amar de verdade, quem gosta de coisas mornas, pela metade, quem prefere a incerteza da dúvida à confiança e segurança da felicidade, mesmo sabendo que tudo tem um preço. 
A vida é isso aqui mesmo e é uma só pra essa etapa. Vai fazer o quê? Cruzar os braços e deixar passar? Com licença: aprende, vira a fita, morde a fruta, vai amar!!! 
Como diziam os Beatles, "All we need is love, love... Love is all we need". É o que todo mundo precisa. ...
Não há nada mais gostoso do que ter alguém pra compartilhar. E quem não quer, levante o braço, bem alto!
Tenha coragem de ser feliz!


Besos calientes!